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Produção e consumo de cocaína crescem na América do Sul, diz ONU

Segundo um relatório da ONU, consumo na América do Sul chega a superar o da América do Norte

Cocaína: consumo por estudantes do ensino médio é mais alto na América do Sul do que na do Norte (EXAME)

Cocaína: consumo por estudantes do ensino médio é mais alto na América do Sul do que na do Norte (EXAME)

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EFE

Publicado em 2 de março de 2017 às 08h04.

Viena - O consumo de cocaína segue aumentando na América do Sul, em alguns casos até níveis superiores aos da América do Norte, segundo os dados de um relatório das Nações Unidas publicado nesta quinta-feira e que aponta também para uma alta do cultivo de coca na Colômbia.

"O uso indevido de pasta base de cocaína se concentra na América do Sul, e a prevalência anual do consumo de cocaína segue aumentando, embora a maconha continue sendo a substância submetida à fiscalização que mais é consumida na região", afirma nesse reporte a Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes (Jife).

Em seu relatório de 2016, este organismo da ONU se refere a um relatório da CICAD (Comissão Interamericana para o Controle do Abuso de Drogas) que indica que a prevalência do consumo de cocaína entre os estudantes do ensino médio na América do Sul é superior ao da América do Norte.

Argentina, Chile e Colômbia são os países nos quais há maior incidência do consumo nesse setor da população, enquanto Suriname e Venezuela têm as prevalências mais baixas.

Em termos gerais, a prevalência de consumo de cocaína na região (a porcentagem da população que a usou pelo menos uma vez nos passados 12 meses) é de 1,5%; a de maconha é de 3,2%; de anfetaminas é de 0,9%; opioides é de 0,3% e o consumo de ecstasy chega a 0,2%.

Contudo, a maconha continua sendo a droga mais consumida e seu uso continua em alta, embora haja diferenças entre os países.

Enquanto no Peru o aumento entre 1998 e 2010 foi mínimo, a prevalência anual duplicou na Argentina entre 2004 e 2011 e no Chile o crescimento foi similar entre 1994 e 2012.

No Uruguai houve um aumento maior, multiplicando por seis a prevalência entre 2001 e 2011.

A Jife lembra que esse país aprovou em dezembro de 2013 uma lei que legaliza o uso recreativo de cannabis e lembrou que "todos os governos que têm medidas que permitem a utilização da cannabis com fins recreativos infringem as disposições dos tratados de fiscalização internacional de drogas".

Com relação à cocaína, o consumo entre a população geral é parecido ao da América do Norte, com a diferença que na América do Sul é utilizada mais pasta base, uma forma como pode conter mais impurezas e ser mais tóxica.

A Jife adverte que em 2015 seguiu aumentando o temor perante os níveis crescentes de consumo de drogas sintéticas pelos jovens na América do Sul.

O relatório afirma, por exemplo, que no Chile em 2015 2,6% dos jovens entre 15 e 16 anos tinham consumido êxtase nos 12 meses prévios, enquanto na Argentina a prevalência nessa faixa de idade em 2014 foi de 1,6%.

Além disso, a Jife fala da nova moda, entre os jovens de classe alta, de consumir substâncias psicoactivas de origem vegetal que são usadas em ritos religiosos dos povos indígenas, como a Salvia divinorum e Ayahuasca.

Em relação ao cultivo e à produção, a Jife lembra que a América do Sul continua sendo praticamente o único fornecedor mundial de cocaína do mundo.

A Jife indica que a superfície dedicada ao cultivo do arbusto de coca aumentou na Colômbia desde 69 mil hectares de 2014 a 96 mil de 2016, 39% a mais.

O relatório relaciona esse crescimento com as expectativas geradas pelo processo de paz e que teriam impulsionado os agricultores a cultivar coca com a esperança de se beneficiar dos possíveis programas de desenvolvimento alternativo.

No Peru, pelo contrário, a superfície de cultivo baixou 6% em 2015, até as 40,3 mil hectares continuando a tendência iniciada em 2011.

Também caiu a superfície de cultivo na Bolívia até 20,2 mil hectares em 2015.

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