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Pró-ocidentais buscam aliança após vitória na Ucrânia

Partidos pró-ocidentais e nacionalistas da Ucrânia buscavam aliança de governo depois da vitória arrasadora nas eleições legislativas de domingo

Pilha de jornais com primeira capa trazendo informações sobre as eleições legislativas da Ucrânia (Sergei Gapon/AFP)
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Da Redação

Publicado em 27 de outubro de 2014 às 10h18.

Kiev - Os partidos pró-ocidentais e nacionalistas da Ucrânia buscavam nesta segunda-feira uma aliança de governo depois da vitória arrasadora nas eleições legislativas de domingo, que deram um forte apoio à estratégia do presidente Petro Poroshenko de aliar-se com a Europa e por fim ao separatismo pró- Rússia .

Os resultados parciais demonstram o apoio dado à posição de Poroshenko, que deseja que o país de 45 milhões de habitantes e membro da ex-União Soviética abandone a órbita russa, apesar da dura oposição do Kremlin.

Apurados 40% dos votos, a Frente Popular do primeiro-ministro Arseni Yatseniuk está na liderança, com 21,6%. O Bloco de Poroshenko está bem próximo, com 21,5%.

O terceiro é o partido conservador Samopomich (Autoajuda), com 11%.

Os resultados parciais confirmam que as cinco formações favoráveis a uma aproximação com a UE obtiveram cerca de 70% dos votos.

Os eleitores, por outro lado, deram as costas aos partidos pró-russos vinculados ao ex-regime de Viktor Yanukovytch, destituído em fevereiro, e aos veteranos da política, como a ex-primeira-ministra Yulia Timoshenko.

Com este resultado, os analistas preveem uma aliança de igual para igual entre o presidente Poroshenko e Yatseniuk, bem posicionado para continuar como chefe de governo.

"As pessoas votaram na dupla Poroshenko-Yatseniuk", afirmou Vadim Karasyov, do Instituto de Estratégias Globais de Kiev.

As eleições só não foram realizadas na Crimeia, anexada à Rússia e março, nem nas zonas controladas pelos separatistas nas regiões orientais de Lugansk e Donetsk. Por isso, das 450 cadeiras do parlamento, 27 permanecerão vagas.

Segundo Poroshenko, os ucranianos votaram em massa por uma aproximação irreversível de seu país com a Europa.

"Mais de 75% dos eleitores que participaram na votação apoiaram de maneira contundente e irreversível a orientação da Ucrânia para a Europa", declarou o presidente em um discurso à nação.

Ainda segundo ele, os ucranianos também votaram para uma solução pacífica do conflito armado no leste ucraniano.

Também para o Kremlin, os partidos que defendem o processo de paz para por fim ao conflito no leste ucraniano foram os grandes vencedores nas eleições legislativas de domingo, segundo afirmou nesta segunda-feira o vice-ministro das Relações Exteriores, Grigory Karasin.

"Está claro que os partidos que apoiam uma solução pacífica para a crise interna na Ucrânia receberam uma maioria parlamentar", declarou Karasin, citado pela agência Ria Novosti.

A votação transcorreu sem incidentes, com exceção do ocorrido na região de Kirovograde, centro do país, onde três conhecidos candidatos do bloco governamental foram agredidos a pedradas quando gravavam em vídeo uma tentativa de compra de votos.

A campanha eleitoral terminou na sexta-feira sem um grande comício ou manifestação, ofuscada pela guerra que causou mais de 3.700 mortos desde abril e forçou mais de 800 mil pessoas a fugir de suas casas.

Após as eleições, a primeira tarefa do chefe de Estado será construir uma coligação forte, capaz de adotar duras medidas de austeridade exigidas pelos credores internacionais da Ucrânia, o FMI e Bruxelas à frente.

O processo de paz iniciado pelo presidente não foi suficiente para parar completamente os combates, e os separatistas, que controlam partes das regiões de Donetsk e Lugansk, se preparam para realizar as suas próprias eleições em 2 de novembro.

Um cessar-fogo foi alcançado no início de setembro entre Kiev e os rebeldes, com a participação da Rússia, mas intensos combates prosseguem em alguns redutos de resistência, provocando a morte de civis quase diariamente.

São Paulo – Na quinta-feira, o voo MH17 da Malaysian Airlines, que ia de Amsterdã para Kuala Lumpur, foi derrubado enquanto sobrevoava o céu do leste da Ucrânia. Desde então, o governo central ucraniano e a Rússia trocam acusações sobre quem foi responsável pelo míssil que atingiu o avião. Veja, a seguir, as fotos do desenrolar do conflito desde a queda do avião até este domingo.
  • 2. Pelo chão

    2 /13(Getty Images)

  • Veja também

    As bagagens e pertences pessoais das vítimas que estavam a bordo do Malaysia Airlines voo MH17 estão espalhadas por Grabovo, na Ucrânia. Segundo relatos de correspondentes internacionais, os destroços do avião estão espalhados a até 15 km do ponto central onde está a maior parte da fuselagem.
  • 3. Memória saqueada

    3 /13(Maxim Zmeyev/Reuters)

  • Dinheiro, joias, objetos pessoais e até cartões de créditos das 298 vítimas do voo MH17 da Malaysia Airlines, abatido por um míssil na Ucrânia, na sexta-feira, estão sendo saqueados. Militantes separatistas admitem que removeram objetos, além das caixas-pretas, do local do acidente.
  • 4. Sem destino

    4 /13(Brendan Hoffman / Getty Images)

    Hoje, um vagão de trem refrigerado com parte dos corpos dos passageiros de Malaysia Airlines vôo MH17 aguarda na estação de trem para o transporte ruma a um destino ainda desconhecido. O vôo MH17 da Malaysia Airlines viajava de Amsterdã para Kuala Lumpur quando caiu matando todos os 298 a bordo, incluindo 80 crianças.
  • 5. Caixa-preta

    5 /13(Getty Images)

    O governo da Ucrânia disse neste domingo que interceptou conversas telefônicas entre os rebeldes pró-russos e os militares russos.  Os rebeldes admitiram hoje podem estar com a caixa-preta e prometeram entregar caixas pretas do voo malaio à Organização da Aviação Civil Internacional.
  • 6. Represália Europeia

    6 /13(Maxim Zmeyev/Reuters)

    De acordo com o WSJ, os líderes europeus ameaçaram impor sanções mais duras contra a Rússia, em decorrência da queda do voo MH17, sem deixar ainda claro o que pode acontecer em represália. Os chanceleres da União Europeia se reunirão em Bruxelas nesta terça-feira para decidir o que fazer, mas há uma grande chance que ativos na Europa construídos por empresários russos, bem como as de empresas originárias do país, possam ser congelados.
  • 7. Maioria holandesa

    7 /13(Graham Denholm / Getty Images)

    A maioria das 298 pessoas a bordo do voo MH 17 era de nacionalidade holandesa. Entre as vítimas havia 154 passageiros holandeses, 27 australianos, 23 malaios, onze indonésios, seis britânicos, quatro alemães, quatro belgas, três filipinos e um canadense no voo. "As famílias querem enterrar seus parentes", declarou ministro do Exterior holandês, Frans Timmermans. Um grupo de 15 especialistas holandeses foi enviado ao local da tragédia para identificar os corpos.
  • 8. Domingo de homenagem

    8 /13(Christopher Furlong / Getty Images)

    Velas em memória das vítimas foram acesas durante uma missa especial na Igreja de Saint Vitus em Hilversum, Holanda, nesta manhã. Três famílias da cidade morreram no acidente. Por todo o país o domingo foi marcado por homenagens às vitimas da tragédia, lembradas em cultos, eventos esportivos e oficiais e no aeroporto Schiphol de Amsterdã, de onde o avião partiu na última quinta-feira.
  • 9. Em busca da cura

    9 /13(Graham Denholm / Getty Images)

    Um participante da 20ª Conferência Internacional de AIDS que acontece hoje em Melbourne, Austrália, amarra uma fita vermelha em homenagem daqueles que perderam suas vidas no voo MH17. Pelo menos seis enviados estavam no avião rumo ao encontro dos maiores especialistas em busca da cura para a doença.
  • 10. EUA diz que sabe

    10 /13(gett)

    Os Estados Unidos detectaram o lançamento de um míssil antiaéreo e observou sua trajetória na quinta-feira passada, quando o avião da Malaysia Airlines caiu, supostamente atingido, no leste da Ucrânia, afirmou neste domingo o secretário de Estado, John Kerry. O presidente Barack Obama já hava dito que tudo apontava para que o avião tivesse atingido por rebeldes pró-russos. 'Sabemos, com certeza, que durante o último mês houve um fluxo de armamento, um comboio de uns 150 veículos incluídos transporte de pessoal, lança mísseis, artilharia, da Rússia para o leste da Ucrânia', disse ele.
  • 11. Artigo editado

    11 /13(Getty Images)

    O imbróglio da Ucrânia e Russia chegou à web. Primeiro, um computador de Kiev, capital da Ucrânia, editou o artigo em russo para "acidentes de aviação comercial" colocando a culpa da queda em "terroristas da auto-proclamada República Popular de Donetsk com mísseis de sistema Buk, que os terroristas receberam da Federação Russa". Menos de uma hora depois, alguém com um endereço de IP russo mudou o texto para "o avião foi abatido por soldados ucranianos".
  • 12. Duas tragédias no ano

    12 /13(Maxim Zmeyev/Reuters)

    Depois de ter um avião desaparecido nos ares em março, nesta quinta-feira, o Boeing 777 da companhia Malaysia Airlines com 295 passageiros a bordo caiu na região de Donetsk, no leste da Ucrânia, sem deixar sobreviventes. A companhia já apresentava uma operação deficitária antes disso, suportada por verbas governamentais e que degringolava cada vez mais pela imagem afetada com a tragédia. Agora deve ter de enfrentar processos movidos por pessoas de vários países.
  • 13. Agora, veja quais são os exércitos mais poderosos

    13 /13(Bradley Rhen / US Army / Wikimedia Commons)

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