Primeiro-ministro irlandês Leo Varadkar renuncia
O político de 45 anos, visivelmente emocionado, alegou motivos "tanto pessoais como políticos"
Agência de notícias
Publicado em 20 de março de 2024 às 11h48.
Última atualização em 20 de março de 2024 às 13h04.
O primeiro-ministro da Irlanda, Leo Varadkar, anunciou nesta quarta-feira, 20, sua renúncia como chefe de Governo da coalizão de centro-direita e afirmou que não acredita mais ser "a pessoa adequada para o cargo".
O político de 45 anos, visivelmente emocionado, alegou motivos "tanto pessoais como políticos" ao anunciar a saída, em uma declaração à imprensa, um ano antes da data prevista para as próximas eleições.
"Renuncio à presidência e à direção do [ partido de centro-direita ] Fine Gael e renunciarei como primeiro-ministro assim que meu sucessor possa assumir o cargo", afirmou em Dublin.
Leo Varadkar era chefe de Governo desde dezembro de 2022.
Em 2017, quando tinha 38 anos, o médico de ascendência indiana e gay se tornou o primeiro-ministro mais jovem de uma Irlanda que sempre teve a reputação de país muito conservador.
Entre 2020 e 2022 ele cedeu o posto a Micheal Martin, líder do outro partido que integra a coalizão, Fianna Fáil, que atualmente é ministro das Relações Exteriores.
"Eu tive o privilégio de ocupar cargos públicos durante 20 anos, 13 deles no governo e sete como líder do meu partido, a maior parte como primeiro-ministro deste grande país", disse Leo Varadkar.
No entanto, ele admitiu que "depois de sete anos no cargo (à frente do seu partido), já não tenho a impressão de ser a pessoa adequada para o cargo".
"Os políticos são seres humanos e têm seus limites", acrescentou. "Fazemos tudo até não aguentar mais e temos de virar a página", explicou.
A saída de Varadkar acontece após o fracasso do referendo de 8 de março, proposto pelo governo, para modificar as referências às mulheres e à família na Constituição, redigida em 1937.
A primeira pergunta da consulta popular propôs a ampliação do conceito de família para estendê-lo além da base do casamento, incluindo "relações duradouras", como casais que não são casados oficialmente e seus filhos.
Porém, 67,69% dos eleitores votaram "Não" para esta primeira pergunta.
A segunda pergunta, rejeitada por 73,9% dos eleitores, apresentava a proposta para eliminar uma referência ultrapassada ao papel das mulheres no âmbito doméstico, que afirma que elas devem cumprir com "suas obrigações" no lar.