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Primeiro bombardeio sírio ao Líbano

O bombardeio ocorreu no momento em que a oposição síria, reunida em Istambul, tenta escolher um primeiro-ministro para gerir os territórios conquistados pelos rebeldes

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 18 de março de 2013 às 19h24.

A aviação síria bombardeou nesta segunda-feira, pela primeira vez, a fronteira com o Líbano, no momento em que a oposição síria, reunida em Istambul, tenta escolher um primeiro-ministro para gerir os territórios conquistados pelos rebeldes, hostis ao presidente Bashar al-Assad.

"A aviação do regime bombardeou o norte do Líbano, atingindo Wadi al-Khayl, próximo da cidade fronteiriça de Arsal", declarou o departamento de Estado americano, confirmando uma informação de uma fonte militar libanesa.

A porta-voz do departamento de Estado, Victoria Nuland, considerou a ação como uma "escalada significativa na violação da soberania do Líbano, pela qual o regime sírio é responsável".

Um oficial dos serviços de segurança libaneses no terreno afirmou que a aviação síria lançou quatro mísseis contra posição da rebelião síria em Arsal, território libanês perto da fronteira.

Paralelamente, os líderes da coalizão, reconhecida por dezenas de países como a única representante do povo sírio, iniciaram uma reunião de dois dias em Istambul com o anúncio positivo do Exército Sírio Livre (ESL) de seu apoio a um governo interino.

"Apoiaremos este governo e trabalharemos sob sua égide", declarou em coletiva de imprensa Selim Idriss, o chefe do Estado-Maior do ESL, a principal força armada da rebelião.


"Assumimos a responsabilidade de proteger o governo (interino) em todas as áreas libertadas na Síria, e se um ministro quiser visitar uma região ainda não libertada, seremos responsáveis por sua proteção, até o coração de Damasco", ressaltou Idriss.

O líder rebelde também garantiu que o ESL está em condição de controlar as armas que lhe for entregue, enquanto a França se diz pronta a armar os rebeldes com a Grã-Bretanha.

"Esperamos que os países europeus tomem a decisão de nos dar armas e munições (...) Garantimos que essas armas não cairão nas mãos dos extremistas", afirmou.

Confiantes neste apoio, os 73 representantes da Coalizão devem escolher o modelo de Poder Executivo que será estabelecido, entre um governo interino com todas as prerrogativas políticas ou um órgão executivo com poderes limitados, que permitirá a oposição de ocupar a cadeira da Síria na próxima cúpula da Liga Árabe no final de março.

"Posso dizer que cerca de 60 dos 73 membros da Coalizão querem um governo", declarou um porta-voz da Coalizão, Khaled al-Saleh.

Em seguida, deverão escolher um primeiro-ministro.

Entre doze candidatos, três são favoritos: um ex-ministro da Agricultura do ex-presidente Hafez al-Assad, Assad Moustapha, o economista Osama al-Kadi e um empresário das telecomunicações, Ghassan Hitto.

O líder do Executivo deverá ser eleito em uma votação majoritária de dois turnos, mas os debates tentarão alcançar um consenso o mais largo possível antes da eleição.


"Trabalhamos para chegar a um consenso. Ninguém pode garantir que haverá votação hoje ou amanhã, mas há chances de isso acontecer", declarou Nashar à AFP.

"Mesmo os mais antigos Parlamentos no mundo levam tempo para tomar uma decisão. Para mim, é um sinal de democracia", comentou o presidente da Coalizão, Ahmed Moaz al-Khatib.

A primeira tarefa do primeiro-ministro, se eleito, será a de nomear um governo responsável por gerir os territórios do norte e do leste do país conquistados pelos insurgentes, mas afundados no caos.

Este novo Executivo deverá, necessariamente, ter sua sede na Síria, ressaltou al-Saleh, "um governo que trabalha via internet ou Skype não pode funcionar".

Eleito por uma Coalizão, cuja representatividade é muitas vezes contestada por militantes no terreno, o primeiro-ministro deverá rapidamente confirmar na Síria a sua legitimidade.

Se eleito, "o primeiro-ministro viajará imediatamente para Síria e se encontrará com os líderes de grupos rebeldes que combatem o regime de Assad", afirmou Nashar.

Os rebeldes vão delimitar "até que ponto estão prontos para aceitar as prerrogativas do primeiro-ministro. Isso poderá levar tempo", acrescentou.

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