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Primeira-ministra de Bangladesh renuncia; mais de 300 já morreram em protestos no país

Protestos começaram no mês passado e são os maios violentos desde a independência do país, há 50 anos

Manifestantes fogem de bombas de gás nas ruas de Bogura ((Photo by AFP))

Manifestantes fogem de bombas de gás nas ruas de Bogura ((Photo by AFP))

Luiz Anversa
Luiz Anversa

Repórter colaborador

Publicado em 5 de agosto de 2024 às 07h51.

Última atualização em 5 de agosto de 2024 às 10h38.

A primeira-ministra de Bangladesh, Sheikh Hasina, renunciou e deixou o país após violentos protestos ganharem força nos últimos dias. Hasin embarcou num helicóptero em direção à India enquanto uma multidão enfurecida invadiu o palácio do governo em Dhaka, segundo a mídia local. Hasina estava no poder havia 15 anos.

São as mais violentas manifestações em Bangladesh desde que o país se tornou independente do Paquistão há 50 anos.

O chefe do exército de Bangladesh, Waker-Uz-Zaman, discursará à nação na tarde de segunda-feira, disse um porta-voz militar sem dar mais detalhes. O filho de Hasina pediu às forças de segurança do país que bloqueassem qualquer tomada de poder.

Por que Bangladesh está em crise?

Os militares declararam emergência em janeiro de 2007 após ampla agitação política e instalaram um governo interino apoiado pelas Forças Armadas.

Os protestos começaram no mês passado contra o sistema de cotas do governo que estabelece um terço dos empregos públicos para parentes de veteranos da guerra de independência do país contra o Paquistão, em 1971.

A política de cotas havia sido abolida em 2018, mas foi restabelecido em junho deste ano. Manifestantes já haviam feito uma onda de protestos contra a premiê Sheikh Hasina em janeiro após ela se reeleger em um pleito do qual a oposição se retirou alegando fraude.

Os manifestantes desafiaram as forças de segurança na segunda-feira não cumprindo um toque de recolher, marchando nas ruas da capital Dhaka após o dia mais mortal dos distúrbios desde que as manifestações eclodiram no mês passado. Acredita-se que mais de 300 pessoas já morreram. Pelo menos 94 pessoas foram mortas no domingo, incluindo 14 policiais.

O acesso à internet foi fortemente restringido na segunda-feira, escritórios foram fechados e mais de 3.500 fábricas que atendem à indústria de vestuário, vital para o país, foram fechadas.

O jornal Business Standard estimou que cerca de 400.000 manifestantes estavam nas ruas

"Chegou a hora do protesto final", disse Asif Mahmud, um dos principais líderes da campanha nacional de desobediência civil.

Segundo a AFP, manifestantes em Dhaka foram vistos no domingo escalando uma estátua do pai de Hasina, Sheikh Mujibur Rahman, líder da independência do país, e quebrando-a com martelos, de acordo com vídeos nas redes sociais.

Em vários casos, soldados e policiais não intervieram para conter os protestos de domingo, ao contrário do mês passado, quando houve registros de violentas repressões.

Protestos em massa

O movimento contra o governo atraiu pessoas de toda a sociedade da nação sul-asiática de cerca de 170 milhões de pessoas, incluindo estrelas de cinema, músicos e cantores.

Hasina governa Bangladesh desde 2009 e venceu sua quarta eleição consecutiva em janeiro após uma votação sem oposição.

Seu governo é acusado de usar indevidamente instituições estatais para consolidar seu poder e reprimir a dissidência, inclusive por meio da execução extrajudicial de ativistas da oposição.

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