Giorgio Napolitano, presidente da Itália: "'Estamos em uma fase um pouco crítica" (Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 29 de setembro de 2013 às 13h05.
Roma - O presidente italiano, Giorgio Napolitano, advertiu neste domingo que as câmaras serão dissolvidas 'apenas perante a impossibilidade de que haja governo', um dia depois que a renúncia de cinco ministros do partido de Silvio Berlusconi, Forza Itália, abriu uma nova crise política no país.
'Estamos em uma fase um pouco crítica, eu tentarei ver se há possibilidades para a continuação desta legislatura e, além disso, procederei uma cuidadosa verificação dos precedentes que existem em outras crises de governo, a partir da segunda crise do governo Prodi em 2008', disse Napolitano na cidade de Nápoles.
A crise daquele governo se consumou entre janeiro e fevereiro de 2008 depois que a renúncia do então primeiro-ministro, Romano Prodi, e a perda de confiança no Senado provocaram a dissolução do Executivo.
Neste ambiente de crise, Napolitano recebe nesta noite o primeiro-ministro, Enrico Letta, que não tem nenhuma intenção de renunciar, mas sim de seguir adiante com outra maioria.
De fato, Letta deve comparecer na terça-feira no Senado para pronunciar um discurso no qual endossará a responsabilidade desta crise ao partido de Berlusconi, antes denominado Povo da Liberdade (PDL), e buscará a confiança da câmara.
Uma responsabilidade que o primeiro-ministro, diz em particular, ser 'um gesto de bandidos'
Os analistas asseguram que um voto de confiança a Letta poderia representar um ato de nascimento de uma nova centro-direita moderada e europeia, com o ex-comissário da competência europeu, Mario Monti, o democrata-cristão Pier Ferdinando Casini e o presidente da Ferrari, Luca di Montezemolo.
Por enquanto, o primeiro-ministro ocupará também os ministérios da Justiça e do Interior, antes responsabilidade de Angelino Alfano, membro do PDL, e se dispõe a distribuir as outras quatro pastas entre os demais ministros que se mantêm no Executivo.
Neste contexto, alguns começam a crer que a jogada de Berlusconi não conseguirá colher seus frutos, e que, ao contrário, surtirá outro tipo de efeito.
O mal-estar nas fileiras do partido de Berlusconi aumentou com esta decisão, que alguns consideram forçada e que nem sequer conseguiu bloquear o IVA nem fazer desaparecer o imposto sobre bens imóveis para primeira casa, que foram o cavalo de batalha do ex-primeiro-ministro.
Além disso, dois ministros de Berlusconi já criticaram o aumento de tom de 'il Cavaliere': Gaetano Quagliariello, ministro das Reformas Constitucionais, e Beatrice Lorenzin, ministra da Saúde. Mesmo assim, os dois garantiram que vão renunciar a seus cargos.'Quem aconselha Silvio Berlusconi nos empurra a uma direita radical perante a qual não me reconheço', disse Lorenzini.
'Esta nova Forza Itália está demonstrando ser muito diferente daquela de 1994, lhe faltam aqueles valores daquele sonho que nos trouxe aqui. Dá as costas aos moderados e os expulsa de sua órbita sem nenhuma reflexão cultural, apontando-os como traidores', acrescentou a ministra.
'Mesmo assim aceito o pedido de renúncia, mas continuarei a expressar meus ideais, mas não nesta Forza Itália', concluiu Lorenzini.
Berlusconi, que festeja seu 77º aniversário em sua casa perto de Milão com sua família e sua namorada Pasquale, quebrou seu silêncio com uma ligação telefônica a uma manifestação do Forza Itália na qual disse que está 'preparado para a batalha' e que 'não está cansado de combater'.
Ressaltou ainda que não aceitará a responsabilidade pelo aumento dos impostos que motivou esta crise de governo.
'Cada vez são menores os motivos para apoiar este governo e, de repente, nos encontramos com uma esquerda que segue metendo as mãos nos bolso dos italianos', afirmou, antes de pedir que 'as eleições aconteçam o mais rápido possível' já que está convencido de sua vitória. EFE