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Presidente iraniano diz que "não haverá piedade" aos inimigos do país

Os protestos, que estão sendo chamados de "distúrbios" pelas autoridades, começaram com a morte, em 16 de setembro, da curda iraniana Amini, de 22 anos

Ebrahim Raisi, presidente do Irã (AFP/AFP Photo)

Ebrahim Raisi, presidente do Irã (AFP/AFP Photo)

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AFP

Publicado em 27 de dezembro de 2022 às 14h40.

Última atualização em 27 de dezembro de 2022 às 15h03.

O presidente do Irã, Ebrahim Raissi, prometeu nesta terça-feira, 27, que "não haverá piedade" para aqueles que forem hostis à República Islâmica nas manifestações provocadas pela morte da jovem Mahsa Amini detida pela polícia da moralidade. 

Os protestos, que estão sendo chamados de "distúrbios" pelas autoridades, começaram com a morte, em 16 de setembro, da curda iraniana Amini, de 22 anos, depois que ela foi presa em Teerã sob a acusação de violar o rígido código de vestimenta feminino do país.

"Os hipócritas, os monarquistas, as correntes contrarrevolucionárias e todos os prejudicados pela revolução se juntaram às manifestações", disse Raissi a uma multidão reunida em frente à universidade de Teerã para prestar homenagem aos 200 soldados mortos durante a guerra Irã-Iraque (1980- 1988).

"Os braços da nação estão abertos a todos aqueles que foram enganados. Os jovens são nossos filhos, mas não teremos piedade com os elementos hostis", insistiu.

As autoridades iranianas acusam os "inimigos" da República Islâmica, como os Estados Unidos e outros países ocidentais, de provocar as manifestações.

"Se eles pensam que vão atingir seus objetivos espalhando boatos e dividindo a sociedade, estão enganados", declarou Raissi a esse respeito.

"Querem nos enganar, mas nós os conhecemos e também conhecemos nossa nação", acrescentou.

As autoridades iranianas afirmam que centenas de pessoas morreram, incluindo dezenas de agentes das forças de segurança, enquanto milhares foram presas nas manifestações nas quais mulheres e jovens têm desempenhado papéis de destaque.

Organizações de defesa dos direitos humanos fora do Irã afirmam que mais de 450 manifestantes foram mortos.

A Justiça iraniana anunciou até o momento 11 condenações à morte por participação nas manifestações. Duas pessoas já foram executadas e duas serão julgadas novamente.

Os ativistas afirmam que mais de dez pessoas correm o risco de receber a pena capital.

Neste contexto, a ONU nomeou na semana passada três mulheres — uma ativista argentina de direitos humanos, uma advogada de Bangladesh e uma professora de direito paquistanesa — para investigar a repressão no Irã.

As investigadoras praticamente não têm esperança de poder visitar o Irã para cumprir sua missão, já que as autoridades iranianas se opuseram fortemente ao lançamento desta investigação internacional, votada em 24 de novembro pelos 47 membros do Conselho de Direitos Humanos.

Vinte e cinco países votaram sim e seis votaram não (Armênia, China, Cuba, Eritreia, Paquistão e Venezuela), enquanto 16 se abstiveram.

As três mulheres terão de documentar a repressão orquestrada pelas autoridades iranianas e as possíveis violações dos direitos humanos cometidas no país, tendo em vista o lançamento de um eventual processo judicial, no Irã ou no exterior.

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