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Presidente eleito do Paraguai reata relações com Maduro e apoia volta da Unasul

O próximo presidente paraguaio lembrou que o país recebeu no passado líderes opositores de Maduro que buscavam asilo político

Venezuela no Mercosul: o país foi suspenso em 2017 e precisa cumprir condições estabelecidas pelos demais sócios do bloco para ser reintegrada ativamente (NORBERTO DUARTE/AFP/Getty Images)

Venezuela no Mercosul: o país foi suspenso em 2017 e precisa cumprir condições estabelecidas pelos demais sócios do bloco para ser reintegrada ativamente (NORBERTO DUARTE/AFP/Getty Images)

Estadão Conteúdo
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Agência de notícias

Publicado em 16 de maio de 2023 às 16h58.

Última atualização em 16 de maio de 2023 às 17h04.

O presidente eleito do Paraguai, Santiago Peña, defendeu nesta terça-feira, dia 16, a retomada de relações diplomáticas com o governo Nicolás Maduro, na Venezuela, e afirmou que apoia a reativação da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) proposta pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

No entanto, afirmou que não há condições atualmente para que Caracas seja reintegrada plenamente ao Mercosul. Em sua primeira viagem ao exterior desde a vitória em Assunção, Peña visitou Lula no Palácio do Planalto.

"Eu anunciei antes das eleições a decisão de restabelecer as relações com a Venezuela. Falei com Maduro pelo telefone e comuniquei minha decisão como presidente eleito de restabelecer relações e trabalhar no processo de integração entre todos os nossos países. Não fizemos condições para restabelecer relações. Vamos restabelecer relações e queremos ser uma voz para o processo de integração e para o povo da Venezuela", afirmou Peña após audiência com Lula.

Relação entre Paraguai e Venezuela

O próximo presidente paraguaio lembrou que o país recebeu no passado líderes opositores de Maduro que buscavam asilo político. "Historicamente sempre tivemos relação com o povo venezuelano e isso não impedia que tivéssemos uma visão crítica sobre a ausência de respeito aos direitos humanos ou a realização de eleições", disse o paraguaio.

Ele ponderou que não conversou com Lula sobre o regresso da Venezuela ao Mercosul. O país foi suspenso em 2017 e precisa cumprir condições estabelecidas pelos demais sócios do bloco para ser reintegrada ativamente, entre elas "o pleno restabelecimento da ordem democrática".

O governo brasileiro defende que o processo seja encaminhado. Peña disse que pretende conversar com os presidentes do Uruguai e Argentina sobre o assunto, que também deve ser pauta da próxima cúpula do Mercosul, mas afirmou que "hoje não há nenhuma condição" para o retorno da Venezuela.

Unasul

Sobre a Unasul, Peña afirmou que não virá ao retiro de chefes de Estado organizado por iniciativa de Lula. Isso porque o encontro ocorrerá em 30 de maio, em Brasília, e o paraguaio será empossado somente em agosto. "Adiantei que eu apoiarei o processo de integração em todos os âmbitos, seja a Unasul, o Prosul, a Celac e, claro, o Mercosul. Tenho vocação integradora e disse que Lula pode contar comigo nesse processo. Todos os países têm de respeitar com as visões dos líderes eleitos por mandato popular. Não podemos ideologizar as relações diplomáticas e a integração de nossos povos", afirmou o presidente eleito.

O economista liberal, eleito pelo Partido Colorado, já havia falado com Lula pelo telefone, logo após a vitória em 30 de abril. Na visita, eles conversaram por cerca de 1 hora e 20 minutos. De centro-direita, Peña havia saudado a vitória de Lula no ano passado. Ele afirmou que o Paraguai guarda boas memórias dos governos anteriores de Lula.

Peña vai suceder o presidente Mario Abdo Benítez e toma posse em 15 de agosto. Ele foi ministro da Fazenda do presidente Horacio Cartes, entre 2015 e 2017, e também trabalhou como dirigente no Fundo Monetário Internacional (FMI).

O presidente eleito afirmou que vai defender a reativação dos mais diversos foros de coordenação regional, independentemente de ideologias ou posicionamento político. Nos últimos anos, o Paraguai fazia parte do Grupo de Lima, que congregava governos de direita e trabalhava por uma sucessão em Caracas. Os países não reconheciam Maduro e tratavam como presidente encarregado o ex-senador Venezuelano Juan Guaidó.

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