Presidente do Haiti rompe silêncio após semana de protestos violentos
O presidente do Haiti descartou a renúncia e pediu diálogo após os protestos violentos no país
AFP
Publicado em 15 de fevereiro de 2019 às 09h25.
Última atualização em 15 de fevereiro de 2019 às 10h04.
Porto Príncipe — O presidente do Haiti , Jovenel Moise, adotou um tom combativo na quinta-feira em seu primeiro pronunciamento desde que protestos violentos aconteceram na capital, rejeitando pedidos de renúncia, mas pedindo diálogo para tratar da inflação em disparada e de uma suposta malversação de fundos.
Milhares de manifestantes vêm pedindo há dias a renúncia de Moise e uma investigação independente sobre o destino dos recursos do acordo PetroCaribe, uma aliança entre países caribenhos e a Venezuela.
Os termos preferenciais do acordo para a compra de energia deveriam ajudar a liberar fundos para auxiliar o desenvolvimento do país, assolado por desastres naturais e listado como o mais pobre das Américas, segundo o Banco Mundial.
Os protestos, que supostamente deixaram vários mortos e muitos outros feridos, sublinharam os temores generalizados com o estado da economia diante de uma inflação crescente e da dificuldade da população para arcar com necessidades básicas.
Também na quinta-feira, o Departamento de Estado dos Estados Unidos ordenou a saída de todos os funcionários norte-americanos não envolvidos em emergências e seus familiares devido aos distúrbios contínuos, citando a queima de pneus, os bloqueios de ruas e os crimes violentos, inclusive roubos a mão armada.
Em um discurso no palácio presidencial, Moise disse que não entregará a nação a traficantes de drogas e que o diálogo é a única maneira de evitar uma guerra civil
"Eu, Jovenel Moise, chefe de Estado, não entregarei o país a gangues armadas e traficantes de drogas", afirmou, se referindo a autoridades de governo que, segundo ele, foram às ruas com "chefes de gangues procurados pela lei".
Mas ele acrescentou: "Ouvi a voz do povo. Conheço os problemas que o atormentam. É por isso que o governo adotou muitas medidas. Pedi ao primeiro-ministro que as explique e as aplique sem demora para aliviar a miséria".
O Haiti tem uma longa tradição de corrupção, e parceiros internacionais e agências reguladoras anti-corrupção culparam políticos haitianos muitas vezes por não reprimirem essa prática.