Mundo

Presidente do Banco Central da Venezuela reconhece crise

"É uma crise, mas não é uma crise de dimensões tão profundas como alguns analistas dizem", afirmou o presidente do Banco Central, Nelson Merentes


	Manifestante venezuelana posa para foto: Inflação anual de 56% e escassez de produtos alimentam onda de protestos
 (REUTERS/Jorge Silva)

Manifestante venezuelana posa para foto: Inflação anual de 56% e escassez de produtos alimentam onda de protestos (REUTERS/Jorge Silva)

DR

Da Redação

Publicado em 16 de março de 2014 às 17h37.

Caracas - O presidente do Banco Central, Nelson Merentes, reconheceu neste domingo que a Venezuela estava passando por uma "crise econômica", mas disse que medidas como um novo mecanismo cambial com base no mercado ajudaria a trazer melhorias rápidas.

"É uma crise, mas não é uma crise de dimensões tão profundas como alguns analistas dizem", afirmou Merentes, que é considerado mais reformista que outros agentes financeiros seniores no governo do presidente Nicolas Maduro.

Uma taxa de inflação anual de 56 por cento e escassez de produtos alimentaram uma onda de protestos da oposição que levou à violência matando pelo menos 28 pessoas no país sulamericano membro da Organização dos Países Produtores de Petróleo (Opep) desde meados de fevereiro.

"Nós não podemos esconder a realidade: a economia tem inflação, escassez e o crescimento não é robusto", disse Merentes em entrevista à televisão local. "Mas a Venezuela tem capacidade para sair deste momento que não é tão bom. Na verdade, o governo está tomando medidas que nos ajudarão a sair rapidamente".

Um mercado de câmbio recém-anunciado, conhecido como Sicad 2, deve começar nos próximos dias, e já levou para baixo o preço do dólar no mercado negro, de cerca de 85 bolívares para entre 72 e 75 , de acordo com a cotação de sites ilegais.

A Venezuela tem mantido controles cambiais por 11 anos e, apesar de Maduro prometar lealdade às políticas do seu antecessor Hugo Chávez, alguns ajustes da política econômica são vistos como inevitáveis, mesmo de dentro do Partido Socialista no poder.

Merentes disse que a onda de manifestações de rua contra o governo socialista, que já dura seis semanas, teria "algum grau de impacto" sobre o crescimento econômico, mas apenas limitado.

O crescimento do primeiro trimestre seria leve, disse ele, e a previsão do governo para o ano continua a ser uma expansão de 4 por cento do Produto Interno Bruto (PIB).

Economistas de Wall Street não compartilham esse otimismo. O BNP Paribas, por exemplo, previu esta semana que a economia da Venezuela provavelmente terá contração 1,5 por cento em 2014 , enquanto a inflação irá se acelerar para 70 por cento.

A inflação mensal, porém, na verdade, caiu para 2,4 por cento em fevereiro, ante 3,3 por cento no mês anterior, de acordo com os últimos dados do Banco Central.

Acompanhe tudo sobre:América LatinaCrise econômicaVenezuela

Mais de Mundo

Yamandú Orsi, da coalizão de esquerda, vence eleições no Uruguai, segundo projeções

Mercosul precisa de "injeção de dinamismo", diz opositor Orsi após votar no Uruguai

Governista Álvaro Delgado diz querer unidade nacional no Uruguai: "Presidente de todos"

Equipe de Trump já quer começar a trabalhar em 'acordo' sobre a Ucrânia