Novo presidente da Catalunha, Quim Torra: Torra restituiu em seus cargos quatro conselheiros do governo anterior de Carles Puigdemont (Alberto Estevez/Reuters)
AFP
Publicado em 19 de maio de 2018 às 12h52.
O presidente regional catalão, o separatista Quim Torra, nomeou neste sábado (19) um governo que inclui dois políticos em prisão preventiva e outros dois instalados na Bélgica e solicitados pela Justiça espanhola, segundo o decreto de nomeação.
A formação do novo Executivo catalão poderia se ver bloqueada pelo governo central espanhol, que mantém a região sob tutela. O gabinete de Mariano Rajoy manifestou suas dúvidas sobre a legalidade de empossar políticos presos ou no exterior, e insistiu que o governo catalão deve ser "legal e viável".
Segundo o decreto de nomeação recebido pela AFP, Torra restituiu em seus cargos quatro conselheiros do governo anterior de Carles Puigdemont.
Entre esses quatro estão Jordi Turull (conselheiro da Presidência) e Josep Rull (Território e Sustentabilidade), os dois em prisão preventiva por seu papel na tentativa de secessão.
Os outros dois são Toni Comín (Saúde) e Lluís Puig (Cultura), instalados em Bruxelas e cuja extradição é reclamada pela Espanha dentro da mesma causa.
Os quatro são acusados de rebelião, cuja pena possível é de até 25 anos de prisão. Suas nomeações anunciam um choque com o governo de Rajoy.
Mas, dada a possibilidade de nomearem políticos presos ou no exterior, os serviços jurídicos do governo foram ativados e estão analisando a legalidade de tais nomeações, que poderiam ser recorridas e bloqueadas.
"Um conselheiro ou ministro não pode exercer as funções enquanto estiver na prisão", apontou o porta-voz do governo, Íñigo Méndez de Vigo, na sexta-feira. "Factivelmente não é possível", insistiu.
Entre os outros membros do novo governo catalão há vários amigos íntimos do ex-presidente Puigdemont.
Um deles é Elsa Artadi, uma das líderes de sua lista da direita "Juntos pela Catalunha", nomeada conselheira de Empresa, e Miguel Buch, novo conselheiro do Interior, e, portanto, responsável pela polícia regional catalã.
Como vice-presidente do governo catalão e conselheiro da Economia foi nomeado Pere Aragonés, dirigente do "Esquerra Republicana de Catalunya" (ERC), que sucede no cargo o líder deste partido, Oriol Junqueras, em prisão preventiva por um suposto crime de rebelião.
No Ministério das Relações Exteriores foi nomeado outro dirigente do ERC, Ernest Maragall, irmão do socialista Pasqual Maragall, que foi presidente da Catalunha entre 2003 e 2006.