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Presidente angolano diz que deixará o cargo em 2018

José Eduardo dos Santos comanda o país desde 1979, quatro anos após o fim da guerra de independência de Portugal

José Eduardo dos Santos: a Angola deve passar por eleições presidenciais em 2017, mas Santos não confirmou se irá mudar o calendário eleitoral (AFP/Getty Images)
DR

Da Redação

Publicado em 11 de março de 2016 às 19h19.

Johanesburgo - O presidente da Angola , José Eduardo dos Santos, afirmou nesta sexta-feira que pretende deixar o cargo em 2018, após 39 anos de mandato.

"Eu decidi terminar minha carreira política em 2018", afirmou o angolano de 73 anos a colegas de partido em um discurso transmitido pela rádio estatal local.

Caso se confirme, a decisão encerrará uma das autocracias mais antigas da África. Santos comanda o país desde 1979, quatro anos após o fim da guerra de independência de Portugal.

Angola deve passar por eleições presidenciais em 2017, mas Santos não confirmou se irá mudar o calendário eleitoral após sua decisão.

Caso o angolano mantenha sua promessa, sua abdicação pode reverberar em um continente onde muitos líderes lutam para estender seu mandato.

Em Uganda, o presidente Yoweri Museveni conseguiu chegar à sua quarta década no poder após vencer eleições marcadas por denúncias de intimidação e fraude.

No Burundi, Pierre Nkurunziza quase levou seu país à guerra civil após manobrar a Constituição para garantir um terceiro mandato, no ano passado.

E no Zimbabwe, o presidente Robert Mugabe, que fez 92 anos no mês passado, continua firme no intento de ficar à frente do país que comanda desde 1980.

Desde 2002, quando venceu a disputa de quase três décadas contra forças rebeldes do país, Santos, uma personalidade reclusa, atuou para consolidar seu domínio na política e na economia do país rico em petróleo.

Sua filha mais velha, Isabel dos Santos, amealhou uma fortuna de US$ 3 bilhões investidos em bancos e em empreendimentos de telecomunicações para se tornar a mulher mais rica da África.

José Filomeno de Sousa dos Santos, um de seus filhos, comanda o fundo soberano de Angola, estabelecido em 2012, para investir os excedentes da produção de 1,7 milhões de barris de petróleo que o país extrai por dia.

Nos últimos meses, no entanto, o país vem enfrentando uma forte queda das receitas por causa do declínio dos preços de petróleo. Milhares de demissões e uma forte desvalorização da moeda criaram um clima de insatisfação sem precedentes contra o governo.

Em sua última avaliação, o Fundo Monetária Internacional (FMI) disse prever um crescimento de 3,5% da economia neste ano, uma forte desaceleração ante a expansão de até dois dígitos registrada nos há alguns anos atrás.

A crise sublinha um problema muito antigo no país: Angola é uma das nações mais desiguais do mundo.

Sua capital, Luanda, é uma das mais caras do planeta, ainda que a maior parte dos 24 milhões de angolanos viva com menos de US$ 2 por dia. Segundo o ranking da Transparência Internacional, Angola é o quaro país mais corrupto do mundo.

Ainda assim, Ricardo Soares de Oliveira, um cientista político da Universidade de Oxford e autor de um livro sobre o país, alertou que o presidente deve utilizar o anúncio para tentar enfraquecer seus adversários e escolher um sucessor.

"Estamos longe de uma era pós-Santos", disse.

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Johanesburgo - O presidente da Angola , José Eduardo dos Santos, afirmou nesta sexta-feira que pretende deixar o cargo em 2018, após 39 anos de mandato.

"Eu decidi terminar minha carreira política em 2018", afirmou o angolano de 73 anos a colegas de partido em um discurso transmitido pela rádio estatal local.

Caso se confirme, a decisão encerrará uma das autocracias mais antigas da África. Santos comanda o país desde 1979, quatro anos após o fim da guerra de independência de Portugal.

Angola deve passar por eleições presidenciais em 2017, mas Santos não confirmou se irá mudar o calendário eleitoral após sua decisão.

Caso o angolano mantenha sua promessa, sua abdicação pode reverberar em um continente onde muitos líderes lutam para estender seu mandato.

Em Uganda, o presidente Yoweri Museveni conseguiu chegar à sua quarta década no poder após vencer eleições marcadas por denúncias de intimidação e fraude.

No Burundi, Pierre Nkurunziza quase levou seu país à guerra civil após manobrar a Constituição para garantir um terceiro mandato, no ano passado.

E no Zimbabwe, o presidente Robert Mugabe, que fez 92 anos no mês passado, continua firme no intento de ficar à frente do país que comanda desde 1980.

Desde 2002, quando venceu a disputa de quase três décadas contra forças rebeldes do país, Santos, uma personalidade reclusa, atuou para consolidar seu domínio na política e na economia do país rico em petróleo.

Sua filha mais velha, Isabel dos Santos, amealhou uma fortuna de US$ 3 bilhões investidos em bancos e em empreendimentos de telecomunicações para se tornar a mulher mais rica da África.

José Filomeno de Sousa dos Santos, um de seus filhos, comanda o fundo soberano de Angola, estabelecido em 2012, para investir os excedentes da produção de 1,7 milhões de barris de petróleo que o país extrai por dia.

Nos últimos meses, no entanto, o país vem enfrentando uma forte queda das receitas por causa do declínio dos preços de petróleo. Milhares de demissões e uma forte desvalorização da moeda criaram um clima de insatisfação sem precedentes contra o governo.

Em sua última avaliação, o Fundo Monetária Internacional (FMI) disse prever um crescimento de 3,5% da economia neste ano, uma forte desaceleração ante a expansão de até dois dígitos registrada nos há alguns anos atrás.

A crise sublinha um problema muito antigo no país: Angola é uma das nações mais desiguais do mundo.

Sua capital, Luanda, é uma das mais caras do planeta, ainda que a maior parte dos 24 milhões de angolanos viva com menos de US$ 2 por dia. Segundo o ranking da Transparência Internacional, Angola é o quaro país mais corrupto do mundo.

Ainda assim, Ricardo Soares de Oliveira, um cientista político da Universidade de Oxford e autor de um livro sobre o país, alertou que o presidente deve utilizar o anúncio para tentar enfraquecer seus adversários e escolher um sucessor.

"Estamos longe de uma era pós-Santos", disse.

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