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Premiê francês explica plano econômico: "a quebra de um país é possível"

Para François Fillon, países europeus não tomaram medidas necessárias nem fizeram reformas precisas e hoje precisam impor à população sacrifícios

François Fillon: "Se as medidas fossem brutais demais, o crescimento poderia ser quebrado, mas hoje não temos direito ao imobilismo" (Sergei Supinsky/AFP)

François Fillon: "Se as medidas fossem brutais demais, o crescimento poderia ser quebrado, mas hoje não temos direito ao imobilismo" (Sergei Supinsky/AFP)

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Da Redação

Publicado em 7 de novembro de 2011 às 20h02.

Paris - O primeiro-ministro francês, François Fillon, insistiu na ideia de que "a quebra de um país é possível", razão pela que anunciou nesta segunda-feira o segundo plano de ajuste em três meses.

"Nosso dever é proteger os franceses das dificuldades muito graves que afrontam muitos países europeus que não tomaram a tempo as decisões necessárias nem fizeram as reformas precisas e que hoje precisam impor à população sacrifícios muito duros", disse Fillon no canal de televisão "TF1".

No entanto, o primeiro-ministro destacou que tais sacrifícios não têm nada a ver com as medidas do novo plano de ajuste orçamentário, com o qual se espera economizar 100 bilhões de euros em cinco anos, mantendo o objetivo de redução do déficit público, diante da redução das previsões de crescimento econômico.

"Se as medidas fossem brutais demais, o crescimento poderia ser quebrado, mas hoje não temos direito ao imobilismo", opinou.


Perguntado pela medida de grande carga simbólica de congelar o salário do presidente e dos ministros, Fillon ressaltou que será assim até que as contas do país cheguem ao equilíbrio, o que ele esperar que aconteça em 2016. A última vez que essa medida foi adotada foi em 1975.

Para o premiê, todo mundo deveria participar do esforço que permita manter o crescimento, iniciado em agosto, e também nos orçamentos para 2011 e 2012.

Sobre as críticas da oposição ao corte das ajudas para a compra de imóveis e a limitação de subvenções e ajudas sociais, Fillon declarou que o plano protege cuidadosamente as camadas mais desfavorecidas da sociedade, os mínimos de assistência social, as aposentadorias, os produtos de primeira necessidade e a energia.

O primeiro ministro francês ainda acusou a oposição socialista de irresponsabilidade por propor a manutenção da idade de aposentadoria em 60 anos, a contratação de funcionários nestes momentos e o abandono da energia nuclear.


A medida principal do novo plano é a antecipação em um ano da polêmica e criticada entrada em vigor do atraso da idade de aposentadoria até situá-la em 62 anos em 2018, frente aos 60 atuais.

Por outro lado, haverá aumento do tipo reduzido do Imposto sobre o Valor Agregado de 5,5% atual para 7%, salvo em produtos alimentícios e energéticos, e subirá a taxa de sociedades durante dois anos 5% para as empresas que faturem mais de 250 milhões de euros.

Se em seu primeiro plano de ajuste, em 24 de agosto, Paris adotou medidas para economizar 11 bilhões com uma estimativa de crescimento de 1,75%, Fillon justificou esse segundo programa na previsão de esfriamento, que situa agora o crescimento em 1%.

Em setembro passado, Moody's ameaçou retirar a máxima qualificação à França, quando devia 86,2% de seu Produto Interno Bruto (PIB).

O primeiro-ministro explicou, no entanto, que sua máxima inquietação não são as agências de qualificação, que ameaçam fazer que a França perca a nota AAA, mas o volume de empréstimos feitos nos últimos 30 anos.

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