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Premiê do Canadá enfrenta investigação por viagem às Bahamas

Trudeau tem sido questionado pela oposição sobre a sua viagem à Bell, ilha particular do Aga Khan, que fica num parque nacional nas Bahamas

Trudeau: a Fundação Aga Khan é uma lobista registrada junto ao governo do Canadá, e executivos se encontraram com autoridades de governo em dezembro (Chris Wattie/Reuters)

Trudeau: a Fundação Aga Khan é uma lobista registrada junto ao governo do Canadá, e executivos se encontraram com autoridades de governo em dezembro (Chris Wattie/Reuters)

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Reuters

Publicado em 16 de janeiro de 2017 às 21h10.

Ottawa - A comissão de ética canadense está investigando se o primeiro-ministro Justin Trudeau violou leis sobre conflito de interesses ao passar as folgas de fim de ano numa ilha nas Bahamas de propriedade do Aga Khan, no primeiro inquérito do tipo a atingir um premiê no cargo.

Trudeau tem sido questionado pela oposição sobre a sua viagem à Bell, ilha particular do Aga Khan, que fica num parque nacional nas Bahamas. Ele afirmou na semana passada que havia voado para lá num helicóptero privado.

Numa carta ao parlamentar conservador com data de 13 de janeiro, Mary Dawson, a comissária federal para conflito de interesses e ética, disse que "começou um exame" para determinar se a viagem de Trudeau violou a legislação.

A investigação pode abalar Trudeau, que conta com índices altos de aprovação, apesar de os liberais estarem enfrentando polêmicas sobre gastos, incluindo o uso pelo ministro da Saúde de um serviço de carros de luxo cujo proprietário é um apoiador do partido.

"Falta de ética é definitivamente um tema sensível para os eleitores", disse Duff Conacher, um dos fundadores da Democracy Watch. "Acho que ele vai perder apoio dos eleitores como resultado."

O último governo liberal, que caiu em 2006, foi afetado por um escândalo de patrocínio envolvendo corrupção e uso indevido de fundos.

Numa tentativa de se reconectar com os eleitores, Trudeau desistiu de uma viagem nesta semana para o Fórum Econômico Mundial em Davos e embarcou num giro pelo país.

"Eu acho que a viagem é muito pouco e muito tarde", disse Conacher.

Na carta, Mary Dawson reconheceu as preocupações sobre potenciais violações ligadas ao uso do helicóptero particular e ao fato de Trudeau ter aceitado a viagem apesar da Fundação Aga Khan atuar como lobista.

Regras éticas criadas por Trudeau em 2015 impedem ministros de usar voos particulares sem a aprovação de Mary Dawson.

Um porta-voz de Trudeau afirmou que o premiê vai responder às perguntas da comissária. Uma porta-voz dela não comentou de imediato.

Trudeau enfrenta uma outra investigação sobre arrecadação de recursos pelo seu Partido Liberal, mas um exame sobre a viagem seria a primeira investigação do tipo a atingir um primeiro-ministro, declarou Conacher.

Aga Khan é o título do líder do ramo ismaili do islamismo xiita. O atual Aga Khan, o princípe Shah Karim Al Husseini, é amigo da família de Trudeau.

A Fundação Aga Khan é uma lobista registrada junto ao governo do Canadá, e executivos se encontraram com autoridades de governo em dezembro.

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