Boris Johnson: "É vital especificar que não há nada necessariamente anti-europeu ou xenófobo em querer votar pela saída" (Hannah McKay / Reuters)
Da Redação
Publicado em 22 de fevereiro de 2016 às 10h39.
Londres - O prefeito de Londres, o conservador Boris Johnson, disse nesta segunda-feira que a única maneira de conseguir mudanças no Reino Unido é votando pela saída da União Europeia, e afirmou que apoiar a permanência representará uma "erosão da democracia".
Johnson, que é deputado, decidiu no domingo apoiar a campanha a favor da saída do país do bloco europeu, o que representou um golpe para o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, que esperava receber o apoio do prefeito.
Cameron anunciou no fim de semana que o referendo para perguntar aos cidadãos britânicos sobre a permanência do Reino Unido na UE será realizado no dia 23 de junho, e que ele apoiará a permanência do país na União Europeia, após chegar a um acordo com seus membros europeus sobre as reformas que pedia, especialmente em matéria de imigração.
Em artigo publicado no jornal "Daily Telegraph", Johnson afirmou que o primeiro-ministro fez tudo o que pôde em Bruxelas, mas que a única mudança é votar pela saída.
"É vital especificar que não há nada necessariamente anti-europeu ou xenófobo em querer votar pela saída em 23 de junho", afirmou, acrescentando que não é o Reino Unido que mudou, mas a UE.
"Nos últimos 28 anos, desde que comecei pela primeira vez a escrever neste jornal sobre o mercado comum, o projeto se transformou e cresceu dessa maneira que se tornou irreconhecível", argumentou o prefeito.
Ele acrescentou que desde 1989, o ritmo de integração "nunca afrouxou realmente".
Johnson ressaltou que entre 15% e 50% da legislação do Reino Unido procede da UE, o que classificou de "imparável" e "irreversível", já que só pode ser revogada pela organização comunitária.
"Estamos vendo um processo lento e invisível de colonização legal, enquanto a UE se infiltra em cada área da política pública", criticou Johnson.
"Quanto mais a UE faz, menos espaço há para uma decisão nacional. Às vezes estas regras da UE soam simplesmente ridículas, como a regra que proíbe reciclar um saquinho de chá, ou que as crianças com menos de oito (anos) de encher balões".
Para ele, toda a história da UE mostra que "eles só escutam realmente quando a população diz que não".
O prefeito da capital britânica alegou que "esta é a única oportunidade" que o Reino Unido terá de mostrar que realmente se "importa com o autogoverno".
"Um voto para ficar será levado em Bruxelas como mais um sinal verde para o federalismo", acrescentou Johnson, para quem as próximas semanas serão importantes para saber a opinião de quem tem a soberania: "o povo do Reino Unido".
Johnson, que deixará a prefeitura em maio, é deputado conservador pelo circunscrição de Uxbridge & South Ruislip e é visto como um dos possíveis candidatos à sucessão de Cameron como líder dos conservadores.