Papa:"Esta tendência perversa à desigualdade é desastrosa para o futuro da humanidade." (Giuseppe Ciccia/Pacific Press/LightRocket/Getty Images)
Reuters
Publicado em 14 de fevereiro de 2019 às 11h45.
Roma — O papa Francisco criticou o acesso desigual aos alimentos em todo o mundo, que chamou de "perverso" nesta quinta-feira, dizendo que ele pode causar um desastre para a humanidade se não for remediado.
"Poucos têm demais e muitos têm pouco", disse o pontífice argentino de 81 anos, uma das vozes mais respeitadas do mundo em questões de pobreza a justiça social.
O líder da Igreja Católica fez os comentários durante uma visita à Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), que tem sede em Roma, para uma sessão do conselho diretor de sua agência o Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola.
"Muitos não têm comida e estão à deriva, enquanto poucos estão se afogando em supérfluos", disse o papa, que muitas vezes expressou apoio a metas da ONU para o combate à pobreza e à mudança climática.
"Esta tendência perversa à desigualdade é desastrosa para o futuro da humanidade."
Ecoando as queixas de movimentos de protesto populares de todo o globo, Francisco lamentou que o ritmo da redução da pobreza extrema esteja desacelerando, "enquanto a concentração de riquezas nas mãos de poucos está aumentando".
Na América Latina, continente de origem do papa, o número de pessoas que vivem na pobreza extrema aumentou em 2017 e atingiu seu pico em quase uma década, apesar do aumento de gastos com políticas sociais, disse outra agência da ONU no mês passado.
"Elas vivem em condições precárias: o ar é ruim, os recursos naturais estão exauridos, os rios poluídos, o solo está acidificado", disse Francisco a respeito dos mais desamparados do mundo.
O papa, que também se encontrou com representantes indígenas, disse ser "paradoxal" que muitas das mais de 820 milhões de pessoas que sofrem de fome e desnutrição morem em áreas rurais, onde a maior parte dos alimentos é produzida. O êxodo global de áreas rurais para urbanas é preocupante, acrescentou.