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Portugal quer evitar ajuda da UE antes de eleições

Governo acredita que a verba de auxílio pode ser prorrogada até junho

Ao contrário dos esforços do ex-premiê José Sócrates, a zona do euro acredita que o aporte é o único desfecho possível (Antonio Cruz/AGÊNCIA BRASIL)

Ao contrário dos esforços do ex-premiê José Sócrates, a zona do euro acredita que o aporte é o único desfecho possível (Antonio Cruz/AGÊNCIA BRASIL)

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Da Redação

Publicado em 25 de março de 2011 às 12h53.

Lisboa - Portugal acredita que poderá sustentar a crise fiscal sem um aporte de recursos da União Europeia (UE) e do Fundo Monetário Internacional (FMI) até junho, quando um novo governo deverá assumir o poder. O atual governo acredita que poderá tomar recursos emprestados, a taxas elevadas, para pagar os bônus de dívida que vencem em abril, disseram hoje duas autoridades seniores de governos da zona do euro (que reúne os 17 países que utilizam o euro como moeda).

Mas é praticamente unânime, entre os governantes da região, que um pacote de ajuda de 80 bilhões de euros a Portugal será inevitável. Uma das autoridades observou que a União Europeia e o FMI já trabalharam em uma ajuda para Portugal e que, quando requisitada, poderá ser fechada em dias.

"Toda a zona do euro, incluindo Portugal, está convencida de que uma ajuda para Portugal é o único desfecho. Será de cerca de 80 bilhões de euros. Mas nenhum político em Portugal quer ser o responsável por pedir a ajuda antes das eleições nacionais. Então eles esperam se sustentar até junho, quando uma nova administração tomar posse", disse uma autoridade europeia. "Eles desejam pagar o preço necessário para honrar os compromissos com vencimentos de abril e atrasar a requisição de um resgate", acrescentou.

Portugal tem 4,23 bilhões de euros em vencimentos de bônus no mês que vem, mas não há vencimentos em maio. Em meados de junho, há 4,9 bilhões de euros em vencimentos. O governo tem 4 bilhões de euros atualmente em caixa. "Eles não têm todo o dinheiro para os vencimentos de abril, mas o governo está confiante de que pode pagar todo o montante", afirmou a outra autoridade europeia.

Segundo essa fonte, as opções para levantar recursos incluem uma colocação privada de dívida ou empréstimos de bancos, se a agência de administração da dívida de Portugal perceber que o custo para captar dinheiro no mercado de bônus estiver muito elevado. Portugal precisa captar cerca de 20 bilhões de euros no total esse ano e, por enquanto, levantou apenas 7 bilhões de euros.

As eleições em Portugal devem ser convocadas na semana que vem, seguindo-se a uma reunião do presidente, Aníbal Cavaco Silva, com líderes partidários. Observadores dizem que as eleições devem ocorrer no fim de maio ou no início de junho.

O primeiro-ministro, José Sócrates, e o líder do Partido Social Democrata, de oposição, Pedro Passos Coelho, passaram o dia de ontem tentando convencer os líderes europeus de que o país cumprirá suas metas orçamentárias apesar da crise política. O país prometeu reduzir o déficit orçamentário para 4,6% do Produto Interno Bruto (PIB) este ano e para 3% a 2%, respectivamente, em 2012 e 2013. O déficit estava em 9,3% em 2009. As informações são da Dow Jones.

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