Mundo

Por que a Itália é a exceção da segunda onda de covid-19 na Europa?

A segunda onda da pandemia assombra a Europa, mas a Itália consegue manter há semanas a contagem de novos casos abaixo dos 2.000

Cidadãos em quarentena em Codogno, no norte da Itália. (Marzio Toniolo/Reuters)

Cidadãos em quarentena em Codogno, no norte da Itália. (Marzio Toniolo/Reuters)

A

AFP

Publicado em 26 de setembro de 2020 às 11h58.

A Itália, duramente atingida na primeira onda do coronavírus, é hoje a exceção da Europa - onde o ressurgimento da covid-19 é quase geral - com um número limitado de novos casos graças às rígidas medidas contra a doença, que foram elogiadas pela OMS na sexta-feira.

A França, por exemplo, registrou na quinta-feira um número recorde de 16.096 novos casos de covid-19 em 24 horas, enquanto o número de contágios diários na Itália, que realiza mais de 120.000 testes diários (180.000 na França), se mantém há semanas abaixo dos 2.000.

Como explicar essa especificidade italiana? Em entrevista com a AFP, o professor Massimo Andreoni, especialista renomado em infecções no hospital romano de Tor Vergata, adianta "várias razões".

"A epidemia atingiu a Itália mais cedo, o que sensibilizou este problema e fez com que um plano de confinamento muito severo fosse implementado imediatamente. A Itália foi o primeiro país a realizar um confinamento total que durou várias semanas (...) e ainda estamos nos beneficiando disso", destaca. Ele também menciona "a reabertura muito progressiva e muito lenta do país, que nem terminou ainda!"

"Os estádios estão fechados, as casas de festa voltaram a fechar, as escolas não estão todas abertas..." lista ele, apesar de a volta às aulas ter começado em 14 de setembro.

"Além disso, os italianos respeitam muito bem as regras. Quando vejo as imagens de outras cidades europeias, vejo muito mais gente sem máscara do que na Itália", comenta.

"Bons alunos"

Outro exemplo da mobilização na Itália, um país criticado por sua organização caótica e pelo peso de sua burocracia, é o aeroporto de Roma-Fiumicino - o primeiro do mundo a receber a nota máxima de cinco estrelas, concedida pelo órgão de qualificação Skytrax, devido à sua gestão sanitária da covid-19.

O aeroporto romano é elogiado por seus controles de temperatura, pelo uso obrigatório de máscara, pela disponibilização de álcool em gel, distanciamento físico e pelo controle do número de visitantes nas lojas.

"Acredito que os italianos tentam seguir as normas da melhor forma possível" confirma Giacomo Rech, proprietário do Green Tea, um restaurante de cozinha chinesa, a dois passos do Panteão, em pleno centro de Roma.

No entanto, apesar desta situação tranquilizadora, o professor Andreoni quer ser "prudente":

"Em duas ou quatro semanas, quando todas as escolas estiverem abertas (...) veremos qual será o impacto e se a Itália conseguirá manter esses níveis baixos (de contágios) ou se irá se aproximar dos níveis da França ou Espanha", destaca.

"Para saber se realmente fomos bons alunos, é preciso esperar ainda um mês", conclui.

Acompanhe tudo sobre:CoronavírusEuropaItália

Mais de Mundo

Convenção Republicana: da Ilha da Fantasia direto para a Casa Branca

Delta e American Airlines retomam voos após apagão online global

OMS confirma detecção do vírus da poliomielite no sul e no centro de Gaza

Europa está em alerta vermelho por intensa onda de calor com incêndios e invasões de gafanhotos

Mais na Exame