Mundo

Por coronavírus, Reino Unido limita fast food e "compre 1, leve 2"

O plano surge depois que estudos associaram mortes por coronavírus à obesidade. Médicos da rede pública também vão "prescrever execícios" a pacientes

Boris Johnson, premiê britânico: "quando estava na UTI, estava gordo demais" (Andrew Milligan/Pool/Reuters)

Boris Johnson, premiê britânico: "quando estava na UTI, estava gordo demais" (Andrew Milligan/Pool/Reuters)

CR

Carolina Riveira

Publicado em 27 de julho de 2020 às 12h30.

Última atualização em 27 de julho de 2020 às 14h15.

O governo do Reino Unido anunciou nesta segunda-feira, 27, seu aguardado plano contra a obesidade no país. Algumas das medidas incluem limitar os anúncios de fast food em determinados horários, detalhar as calorias dos cardápios e pedir aos médicos que prescrevam exercícios aos pacientes, como andar de bicicleta.

"Sabemos que a obesidade aumenta o risco de doenças graves e de morte por coronavírus, por isso é fundamental que tomemos medidas para melhorar a saúde de nossa nação e proteger o NHS", declarou o ministro da Saúde, Matt Hancock, em comunicado. O NHS é o sistema de saúde público britânico, no qual o SUS brasileiro foi inspirado.

A campanha "Com melhor saúde", lançada pelas autoridades de saúde britânicas, "incentivará as pessoas a adotar um estilo de vida mais saudável e a perder peso quando necessário", afirmou a instituição.

Obesidade e o coronavírus

Um estudo do governo britânico divulgado no fim de semana revelou que pessoas obesas têm um risco adicional de 40% de morrer pelo coronavírus.

O primeiro-ministro Boris Johnson, que tem 56 anos e chegou a passar dias na UTI ao se infectar com o coronavírus, usou nesta segunda-feira sua própria luta contra o sobrepeso para incentivar os britânicos a entrarem em forma.

"Passei muito tempo querendo perder peso, e como muitas pessoas luto com meu peso, subo e desço. Mas desde que me recuperei do coronavírus, venho melhorando continuamente minha forma física", disse Johnson em um vídeo publicado no Twitter. "Quando estava na UTI (unidade de tratamento intensivo)... estava gordo demais".

No mês passado, ele também disse que o povo britânico é mais gordo do que a maioria dos europeus e que seu governo pretende "combater a bomba-relógio da obesidade".

No Reino Unido, quase dois terços (63%) dos adultos estão acima de um peso considerado saudável, com 36% em sobrepeso e 28% obesos, segundo dados do governo. Uma em cada três crianças entre 10 e 11 anos também tem sobrepeso ou obesidade.

Bicicleta e fim do combo

As medidas anunciadas nesta segunda incluem a proibição da televisão e publicidade online de comida não-saudável antes das 21 horas, para reduzir a exposição a crianças. Restaurantes e redes de delivery com mais de 250 funcionários também serão obrigados a informar o número de calorias em seus menus, como já acontece em países como os Estados Unidos.

Os supermercados terão de acabar com os descontos em comidas não saudáveis, como os combos "compre um, leve dois", e não poderão colocar esses produtos "em locais importantes de seus estabelecimentos, como na frente das caixas registradoras ou na entrada".

"Quando você faz uma compra, é justo que tenha acesso às informações adequadas sobre a comida que come, para ajudar as pessoas a tomarem as decisões corretas", disse Hancock.

Também serão ampliados os serviços do NHS dedicados à perda de peso e os clínicos gerais poderão a "prescrever exercícios físicos" aos pacientes, como andar de bicicleta.

O governo não deu detalhes sobre como financiará o plano. O jornal britânico The Guardian calcula o custo das medidas em 10 milhões de libras (11 milhões de euros, 12,8 milhões de dólares).

yt thumbnail
Acompanhe tudo sobre:CoronavírusExercícios FísicosFast foodObesidadeReino Unido

Mais de Mundo

Drone ucraniano atinge prédio de 37 andares na Rússia; veja vídeo

Sobe para cinco o número de mortos em ataque a Mercado de Natal na Alemanha

Volkswagen fecha acordo com sindicatos para cortar 35 mil postos de trabalho na Alemanha

Pandemia traz lições de como lidar com tarifas de Trump, diz professor de inovação no IMD