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Pompeo e ministro turco conversam por telefone após ameaça dos EUA

Washington ameaçou impor sanções a Ancara se o governo turco não libertar o pastor americano Andrew Brunson, preso em 2016 e denunciado por terrorismo

Mike Pompeo: detalhes do diálogo envolvendo o secretário não foram divulgados (Leah Millis/Reuters)

Mike Pompeo: detalhes do diálogo envolvendo o secretário não foram divulgados (Leah Millis/Reuters)

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EFE

Publicado em 26 de julho de 2018 às 17h35.

Istambul - O ministro de Relações Exteriores da Turquia, Mevlüt Çavusoglu, e o secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, conversaram nesta quinta-feira, por telefone, depois de Washington ter ameaçado impor sanções a Ancara se o governo turco não libertar o pastor americano Andrew Brunson.

Brunson, que está há mais de 20 anos vivendo na Turquia, foi preso em outubro de 2016 após ser denunciado por terrorismo. O pastor protestante nega as acusações.

A informação sobre a conversa foi divulgada pela "CNNTürk". No entanto, detalhes do diálogo, o primeiro entre os dois governos desde as ameaças americanas, não foram divulgados.

"Os EUA imporão grandes sanções à Turquia pela detenção do pastor Andrew Brunson, um grande cristão, homem de família e um ser humano maravilhoso. Ele está sofrendo muito. Esse inocente homem de fé deveria ser libertado imediatamente", escreveu Trump no Twitter.

Trump reforçou uma ameaça feita pouco antes pelo vice-presidente dos EUA, Mike Pence, quando participava de um encontro sobre liberdade religiosa organizado pelo Departamento de Estado.

O Ministério Público da Turquia considera que o pastor tem laços com o grupo armado do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), a guerrilha separatista curda que atua no país. O movimento é ligado ao clérigo islamita Fethullah Gülen, exilado nos EUA, considerado pelo governo turco como responsável pelo golpe de Estado de 2016.

Um tribunal turco ordenou ontem que Brunson fosse para a prisão domiciliar após passar 21 meses em uma penitenciária turca.

O presidente dos EUA, Donald Trump, e o vice-presidente, Mike Pence, disseram hoje que irão impor sanções à Turquia se o pastor não for libertado. As declarações tiveram reação imediata.

O porta-voz do Ministério de Relações Exteriores da Turquia, Hami Aksoy, sugeriu que a Casa Branca diminua as tensões diplomáticas.

"Convidamos o governo dos EUA a voltar ao diálogo construtivo e deixar de lado as ameaças. É impossível aceitar as mensagens ameaçantes do governo dos EUA, que ignoram totalmente a nossa aliança e nossa relação amistosas", disse Aksoy em comunicado.

Segundo a agência de notícias "Anadolu", o porta-voz da presidência truca, Ibrahim Kalin, alertou que um aliado da Organização do Tratado do Atlântico (Otan) como os EUA não deveria utilizar esse tipo de "linguagem ameaçante".

As relações entre Washington e Ancara estão tensas desde o ano passado devido à prisão de dois funcionários turcos das representações diplomáticas americanas no país. Eles foram acusados pelo governo local de colaborar com o movimento de Gülen.

O incidente provocou uma crise diplomática e os dois países suspenderam as emissões de vistos para entrada em seus territórios.

Trump chegou a pedir a libertação de Brunson ao presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, que insinuou a possibilidade de "trocar um pastor pelo outro". Era uma referência ao pedido turco, já negado pelos americanos, de extraditar Gülen.

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