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Poluição do ar custa (muito) caro à China

Ar tóxico gera quase um milhão de mortes prematuras no país. Queima de carvão é principal algoz

Perigo: mulher usa máscara com filtro de ar durante pico de poluição em Pequim, em dezembro de 2015.  (Getty Images)

Perigo: mulher usa máscara com filtro de ar durante pico de poluição em Pequim, em dezembro de 2015. (Getty Images)

Vanessa Barbosa

Vanessa Barbosa

Publicado em 26 de agosto de 2016 às 16h18.

São Paulo - A poluição atmosférica na China cobra um preço alto: 916 mil mortes prematuras por ano, segundo um novo estudo que investigou os efeitos nocivos das ameaças em suspensão no ar sobre a saúde da população.

Entre elas estão as partículas ultrafinas conhecidas como PM2,5. Medindo apenas 0,0025mm, elas resultam da combustão incompleta de combustíveis fósseis utilizados pelas indústrias e veículos automotores e formam, por exemplo, a fuligem preta em paredes de túneis e latarias de carros.

Imperceptível a olho nu, o material particulado não encontra barreiras físicas: afeta o pulmão e pode causar asmas, bronquite, alergias e outras graves doenças cardiorrespiratórias.

O estudo abrangente foi conduzido pela Universidade de Tsinghua em colaboração com o Instituto de Metrologia da Saúde e Avaliação (IHME) da Universidade de Washington e a Universidade de British Columbia.

Carvão

Na pesquisa, a queima de carvão aparece como a maior fonte de impacto sobre a saúde relacionada à poluição do ar, contribuindo para 366.000 mortes prematuras na China, segundo os dados mais recentes, relativos a 2013.

O estudo leva em conta a queima de carvão para geração de energia para indústrias e por usinas termelétricas, além de seu uso como combustível doméstico.

A China é o país mais dependente dessa fonte para geração de energia elétrica, com consumo anual de cerca de 3,7 bilhões de toneladas, o que representa aproximadamente 65 por cento da demanda energética do país.

Para driblar o problema, o governo chinês vem anunciando medidas de controle nos últimos anos, que incluem a melhoria da qualidade do combustível, a limitação do número de carros que podem circular nas ruas e o aumento dos investimentos em energias renováveis.

Só em 2015, o consumo de carvão caiu 3,7%, segundo estatísticas divulgadas pelo governo chinês, ao passo que a economia do país cresceu. Os dados apontam que o declínio da demanda por essa fonte fóssil tem se acelerado – em 2014, o consumo chinês de carvão caíra 2,9%.

Olhando para o futuro, o estudo estima que, com as medidas de controle da poluição, os níveis de mortalidade vão diminuir substancialmente no ano de 2030, evitando até 275.000 mortes prematuras.

No entanto, mesmo com níveis reduzidos de poluição no futuro, os impactos sobre a saúde (problemas cardiovasculares e respiratórios) devem continuar em alta, diante da perspectiva de crescimento da população chinesa.

Além do passivo para a saúde, três décadas de intensa mineração de carvão para suprir o apetite chinês por energia barata deixaram outras marcas pesadas sobre o meio ambiente. Estudo recente alertou que regiões inteiras ao norte do país estão vulneráveis ao fenômeno de afundamento ou colapso de terreno.

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