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Polônia recorda 70 anos do levante do gueto de Varsóvia

O grande rabino da Polônia, Michael Schdrich, destacou a importância do aniversário no momento em que "ainda temos entre nós os que combateram"


	Varsóvia, capital da Polônia: no centro de Varsóvia serão apresentadas fotos quase desconhecidas da vida diária no gueto.
 (Wikimedia Commons)

Varsóvia, capital da Polônia: no centro de Varsóvia serão apresentadas fotos quase desconhecidas da vida diária no gueto. (Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 18 de abril de 2013 às 14h20.

Varsóvia - A Polônia iniciou nesta quinta-feira as cerimônias em recordação do 70º aniversario do levante dos judeus, pouco armados, do gueto de Varsóvia contra os ocupantes alemães em 19 de abril de 1943.

"O levante do gueto de Varsóvia foi o primeiro passo de uma revolta urbana contra o ocupante nazista na Europa", afirma um comunicado da prefeitura de Varsóvia.

"Sem possibilidades de êxito, foi um ato desesperado de escolher uma morte digna com as armas na mão, assim como uma oportunidade para obter revanche dos opressores", completa.

O grande rabino da Polônia, Michael Schdrich, destacou a importância do aniversário no momento em que "ainda temos entre nós os que combateram".

Um dos últimos combatentes da insurreição, Simcha Rotem "Kazik", de 89 anos, que conseguiu retirar pelo sistema de esgoto uma pequena quantidade de rebelados, chegou na quarta-feira de Israel, onde mora, para participar nas cerimônias em sua cidade natal.

"Não pensávamos de nenhuma maneira que venceríamos os alemães. Estava claro", disse à AFP.

"Na realidade, o que eu queria era apenas escolher minha morte, ter uma morte mais bela, uma morte mais decente que a morte em uma câmara de gás", completou.


Quase 7.000 judeus morreram no levante do gueto, a maioria queimados vivos, e mais de 50.000 foram enviados ao campo de concentração de Treblinka.

Os combates prosseguiram até 16 de maio. Depois de esmagar a revolta, os nazistas destruíram o bairro, p que repetiram um ano e meio depois na capital polonesa, após a insurreição de agosto de 1944.

A Polônia planejou uma série de eventos para marcar a data, incluindo uma cerimônia na única sinagoga que sobreviveu à Segunda Guerra Mundial na capital do país e um concerto no Monumento aos Heróis do Gueto.

No domingo à noite, uma "parede humana de recordação" será organizado no local em que ficavam os muros do gueto, dos quais restam apenas alguns vestígios. Os alemães destruíram completamente o bairro e o regime comunista do pós-guerra construiu novos bairros residenciais.

No centro de Varsóvia serão apresentadas fotos quase desconhecidas da vida diária no gueto.

Nesta quinta-feira, na sinagoga Nozyk, a única que sobreviveu à destruição nazista, um kaddish foi lido em homenagem aos insurgentes e aos poloneses que salvaram judeus durante o holocausto.

A orquestra filarmônica de Israel, dirigida por Zubin Mehta, se apresentou na quarta-feira na Ópera Nacional de Varsóvia e participará à meia-noite no Hazkara, uma cerimônia judaica de recordação, diante do memorial aos heróis do gueto.

O Instituto Polonês da Memória Nacional (IPN) apresentou na quarta-feira um dos exemplares originais do relatório do comandante alemão do gueto judaico de Varsóvia, o general das SS Jürgen Stroop, sobre o fim do local nos meses de abril e maio de 1943.

Este exemplar do relatório, que o autor deu o título de "Es gibt keinen jüdischen Wohnbezirk in Warschau mehr" ("Já não há mais bairros de residências judaicas em Varsóvia"), foi enviado em maio de 1943 ao comandante das SS, Heinrich Himmler.

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