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Polônia investiga historiador por possível ofensa à nação

O historiador tentava explicar, recordando o antissemitismo dos poloneses durante a 2ª Guerra Mundial, a falta de solidariedade com os migrantes sírios


	Campo de concentração de Auschwitz: "Os poloneses podem se sentir orgulhosos da resistência de sua sociedade contra os nazistas, mas na realidade mataram mais judeus que os alemães durante a guerra"
 (Janek Skarzynski/AFP)

Campo de concentração de Auschwitz: "Os poloneses podem se sentir orgulhosos da resistência de sua sociedade contra os nazistas, mas na realidade mataram mais judeus que os alemães durante a guerra" (Janek Skarzynski/AFP)

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Da Redação

Publicado em 15 de outubro de 2015 às 14h38.

A justiça polonesa abriu nesta quinta-feira uma investigação acerca da possível ofensa nacional cometida pelo historiador americano Jan Tomasz Gross, que acusou os poloneses de terem "matado mais judeus do que os alemães".

Em um artigo para o jornal alemão Die Welt publicado em setembro, o historiador de origem judio-polonesa tentava explicar, recordando o antissemitismo dos poloneses durante a Segunda Guerra Mundial, a falta de solidariedade atual para com os migrantes sírios que se dirigem à Europa.

"Os poloneses podem, com todo o direito, se sentir orgulhosos da resistência de sua sociedade contra os nazistas, mas na realidade mataram mais judeus que os alemães durante a guerra", escreveu o autor de "Os Vizinhos", no qual revelou a verdade sobre o massacre de judeus em Jedwabne, queimados vivos em uma granja por seus vizinhos poloneses em 1941.

"A investigação foi aberta em virtude do artigo 133 do código penal polonês, que prevê que qualquer pessoa que insulte publicamente a nação polaca pode ser condenado a uma pena de até três anos de prisão", declarou à televisão pública o porta-voz do Ministério Público de Varsóvia, Przemyslav Nowak.

O Ministério recebeu mais de uma centena de queixas por parte de pessoas físicas e de várias organizações que se declararam ofendidas pelas palavras de Gross, explicou.

Em um primeiro momento, deverá ser feita uma tradução oficial do texto em alemão para o polonês.

Não se descarta a possibilidade do autor ser interrogado durante a investigação, que ainda se encontra em fase preliminar, afirmou Nowak.

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