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Políticos não veem graça em bicicleta, diz especialista

Segundo o engenheiro de gerenciamento de mobilidade Ronaldo Balassiano, debate eleitoral ignora o uso de transporte sustentável nas grandes metrópoles

Lazer (Marcus RG/Flickr)

Lazer (Marcus RG/Flickr)

Vanessa Barbosa

Vanessa Barbosa

Publicado em 29 de março de 2012 às 11h31.

São Paulo - Convencer um brasileiro a incorporar a bicicleta como principal meio de transporte para percursos curtos, a exemplo do que acontece em cidades européias como Barcelona, Paris e Amsterdã, não é uma tarefa fácil. "Bicicleta ainda é vista no país como um veículo de 2ª categoria", afirma Ronaldo Balassiano, especialista em mobilidade urbana.

Esse meio de transporte individual, sustentável e praticamente nulo em emissões de poluentes - a não ser por uma quantidade ínfima de material particulado liberado pelo atrito entre as rodas de borracha e o asfalto - é apontado como uma solução viável, barata e funcional para os problemas de congestionamento e degradação do ar comuns nas grandes metrópoles.

Apesar do crescente número de adeptos e dos benefícios que geram para o meio ambiente e para a saúde da população, as magrelas de duas rodas não parecem tão atrativas aos gestores públicos como outros veículos. "Os investimentos públicos ainda privilegiam o transporte motorizado e a construção de mais estradas e viadutos, quando poderiam investir na criação de ciclovias", afirmou o engenheiro durante evento sobre mobilidade urbana realizado nesta quinta (16) na FAAP, em SP.

Segundo o especialista, a "bicicleta não tem graça, politicamente". Prova disso, é que, em ano eleitoral, o debate sobre esse transporte sustentável é uma ausência sentida em todos os discursos partidários. "Ninguém demonstra compromisso ou interesse pela questão, nem mesmo os verdes, mais engajados com a causa ambiental".

Riscos e soluções

Sem faixas exclusivas, os ciclistas se arriscam em vias abarrotadas de carros, ônibus e motocicletas, que passam fácil dos 70Km/h. Em janeiro de 2009, uma ciclista morreu na Avenida Paulista, em SP, após ser atropelada por um ônibus. O caso que chocou o país revelou uma demanda antiga por aparelhos públicos específicos para esse tipo de veículo, que é o mais frágil entre os meios de transporte.

Balassiano diz que as soluções vão além da criação de faixas exclusivas ou compartilhadas com limite de velocidade determinado. Também são necessários pontos de abrigos para guardar as bikes, estacionamentos especiais - até mesmo no local de trabalho - e principalmente fiscalização e manutenção da rede de ciclovias. "Se até as olimpíadas de 2016, essas medidas forem tomadas, será possível dobrar a participação da bicicleta na divisão modal de transportes, que atualmente representa apenas 3%", afirma.

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