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Polícia desmantela acampamentos de protesto na Venezuela

Unidades policiais invadiram quatro acampamentos de protesto de estudantes opositores em diferentes pontos de Caracas


	Acampamento de opositores é desmantelado na Venezuela: 243 pessoas foram presas
 (Carlos Becerra/AFP)

Acampamento de opositores é desmantelado na Venezuela: 243 pessoas foram presas (Carlos Becerra/AFP)

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Da Redação

Publicado em 8 de maio de 2014 às 13h07.

Caracas - Unidades policiais invadiram na madrugada desta quinta-feira quatro acampamentos de protesto de estudantes opositores em diferentes pontos de Caracas, o principal deles perto do escritório da ONU, e prenderam 243 pessoas.

Ao mesmo tempo, a audiência do líder opositor radical Leopoldo López, que deveria decidir se ele seria indiciado, foi adiada, segundo fontes de seu partido, Vontade Popular.

O ministro do Interior, general Miguel Rodríguez Torres, justificou a operação alegando que os acampamentos eram usados como esconderijos de grupos "violentos" que cometiam atos "terroristas".

"A operação teve início às três da madrugada (...) existiam evidências de que destes locais estavam saindo os grupos mais violentos para cometer atos terroristas: incendiar patrulhas da polícia, enfrentar com coquetéis molotov e com armas as forças de segurança", disse o ministro.

Desde fevereiro, a Venezuela é palco de protestos, os mais violentos em fevereiro e março, que deixaram 41 mortos. As manifestações são chamadas pelo governo do presidente Nicolás Maduro de "tentativa de golpe de Estado".

No último mês, além de passeatas e incidentes esporádicos, a maioria dos protestos se concentrou em diferentes acampamentos de jovens em Caracas, o principal deles instalando diante dos escritórios do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), onde centenas de jovens montaram barracas e cortaram três das seis pistas de uma avenida.

O ministro do Interior disse que durante a operação foram "apreendidas drogas, armas, explosivos, morteiros, gás lacrimogêneo, tudo o que utilizam diariamente para enfrentar as forças de segurança".

Uma equipe da polícia científica seguiu para os acampamentos para "levantar todas as evidências, classificá-las e apresentá-las ao tribunal correspondente para que se indicie quem deve ser indiciado e para que sejam adotadas as medidas do ponto de vista judicial", completou.

"Os detidos foram levados para a sede da Polícia Nacional Bolivariana e outros para (a unidade militar de) Forte Tiuna", disse a advogada e ativista dos direitos humanos, Elenis Rodríguez.


Audiência adiada

O partido Vontade Popular anunciou nesta quinta-feira que a audiência que deveria decidir o eventual indiciamento de Leopoldo López foi adiada.

"Tribunal 16 de Controle adia audiência preliminar de Leopoldo López, que está sendo transferido novamente à prisão militar de Ramo Verde", nos arredores de Caracas, afirma a nota de imprensa do partido, sem informar a nova data ou os motivos da suspensão.

"Hoje a justiça injusta se escondeu. O que temem? A verdade? Sabem que devo sair em liberdade", declarou o líder detido ao sair do Palácio de Justiça de Caracas, informou o Vontade Popular em sua conta do Twitter.

López, o principal promotor da estratégia de forçar com protestos nas ruas a renúncia do presidente Nicolás Maduro - conhecida como "A Saída" - está recluso em detenção preventiva em uma prisão militar desde 18 de fevereiro.

No dia 12 de fevereiro, uma manifestação convocada por ele terminou com fortes distúrbios, e há um mês o Ministério Público o acusou de "instigação pública, danos à propriedade, incêndio em grau de determinador (autor intelectual) e formação de quadrilha".

Na audiência adiada nesta quinta-feira seria decidido o indiciamento do coordenador nacional do Vontade Popular ou sua libertação, uma das condições levantadas pela Mesa da Unidade Democrática (MUD), da oposição, para retomar um diálogo com o governo de Maduro, cujas reuniões a portas fechadas também foram adiadas para a semana que vem.

As detenções de Lópes, de outros opositores e de estudantes alimentaram muitos dos protestos nas ruas que há mais de três meses são realizados nas principais cidades da Venezuela.

Os manifestantes também protestam pela alta inflação, que atinge os 60% anuais, pela escassez de produtos básicos, como papel higiênico e café, e pela violência criminal.

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