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Polícia alemã é acusada de discriminar africanos em Colônia

Dezenas de cidadãos do norte da África foram presos preventivamente com a justificativa de impedir abusos sexuais e roubos

Policiais: o chefe da polícia de Colônia, Jürgen Mathies, defendeu a atuação dos agentes (Wolfgang Rattay/Reuters)

Policiais: o chefe da polícia de Colônia, Jürgen Mathies, defendeu a atuação dos agentes (Wolfgang Rattay/Reuters)

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EFE

Publicado em 2 de janeiro de 2017 às 11h54.

Berlim - A prisão preventiva de centenas de cidadãos do norte da África no réveillon em Colônia para impedir abusos sexuais e roubos como os ocorridos no ano passado, protagonizados por imigrantes dessa região, abriu o debate sobre tratamento racista por parte da polícia.

Em declarações ao jornal "Rheinische Post", a co-presidente dos Verdes, Simone Peter, questionou o procedimento da polícia, depois que quase mil pessoas "foram obrigadas a se identificar e parte delas detidas só por sua aparência".

Ao mesmo tempo, Simone reconheceu que o grande desdobramento policial de 1.500 agentes limitou significativamente possíveis situações similares às do réveillon passado de assédio, abuso sexual e roubos, cometidas principalmente por imigrantes norte-africanos.

O porta-voz de assuntos de política migratória do grupo parlamentar dos Verdes, Volker Beck, disse ao mesmo jornal que qualquer medida policial deve ser justificada por uma situação de ameaça ou pelo comportamento concreto de uma pessoa.

Contudo, Beck não quis comentar a atuação da polícia de Colônia sem antes saber as versões de todas as partes.

Já a Anistia Internacional na Alemanha afirmou que, de acordo com as informações divulgadas até o momento, há muitos indícios de que a característica relevante para o controle e detenção destas pessoas foi unicamente ou principalmente a suposta procedência norte-africana.

"Isso seria um caso clássico de discriminação por motivos raciais", ressaltou a ONG.

Por sua vez, o especialista em assuntos do interior do grupo parlamentar conservador, o social-cristão Stephan Mayer, rejeitou as críticas contra a atuação policial e ressaltou que ações contra pessoas originárias de países norte-africanos "não tem nada a ver com discriminação".

Em declarações ao programa matinal da televisão pública alemã, Mayer afirmou que as forças de segurança evitaram "de maneira consequente e decidida" crimes e abusos sexuais como os de há um ano.

O chefe da polícia de Colônia, Jürgen Mathies, defendeu a atuação dos agentes e explicou que a ação de obrigar os cidadãos norte-africanos a se identificarem respondia a um "comportamento agressivo similar" ao observado no réveillon anterior, que geraram mais de mil denúncias.

Além disso, Mathies indicou que foi detectada a presença "suspeita" de outras 300 pessoas que se dirigiam de trem a Colônia, e a polícia atuou preventivamente bloqueando sua passagem.

No total, 96 pessoas foram detidas, das quais 16 eram alemães e as demais de diferentes nacionalidades.

Em entrevista à televisão pública regional "WDR", Mathies voltou a defender a atuação das forças de segurança e afirmou que a Polícia Federal já havia informado desde os trens de grupos "altamente agressivos" que estavam de caminho a Colônia.

A polícia observou o comportamento em nível de grupo e também de determinadas pessoas e atuou em consequência, afirmou.

Ao mesmo tempo, Mathies lamentou que a polícia tenha se referido em um tweet às centenas de norte-africanos detidos como "nafris".

"O emprego deste termo me parece muito infeliz nesta situação", afirmou o chefe da polícia antes de explicar que se uma expressão de uso interno.

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