Evo Morales: polêmica em torno da decisão do Brasil e de mais cinco países de suspender a participação na Unasul terá desdobramentos (Andres Stapff/Reuters)
Agência Brasil
Publicado em 25 de abril de 2018 às 11h30.
A polêmica em torno da decisão do Brasil e de mais cinco países de suspender a participação na União das Nações Sul-Americanas (Unasul) terá desdobramentos. Na presidência pró tempore (temporária) da entidade, a Bolívia está em posição oposta.
O ex-secretário geral da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), Ernesto Samper, disse estar tranquilo porque o comando da Unasul está sob responsabilidade do presidente boliviano, Evo Morales, que deverá se manifestar sobre o tema.
"Eu estou aqui muito consciente do que está acontecendo atualmente com Unasul, mas também muito tranquilo porque acredito que, se alguém tem a capacidade de encontrar soluções para a situação, é o presidente Evo Morales, um dos fundadores da União", disse.
Samper afirmou que Evo Morales é a pessoa indicada para resolver a situação, após o anúncio de que seis dos 12 membros da Unasul não pretendem participar de reuniões nem decisões até a nomeação do novo secretário-geral. A Unasul é formada pela Argentina, o Brasil, Bolívia, Colômbia, Chile, Equador, a Guiana, o Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai e a Venezuela.
Na semana passada, o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira, e os chanceleres da Argentina, do Paraguai, da Colômbia, do Chile e do Peru enviaram carta à presidência pró tempore da Unasul.
No documento encaminhado ao chanceler da Bolívia, Fernando Huanacumi, que está no comando da organização, eles informam sobre a decisão de suspender, por tempo indeterminado, a participação nas reuniões do bloco.
A decisão, segundo o documento, foi motivada pelo impasse com o governo da Venezuela em relação à escolha do secretário-geral da organização. Na carta, os chanceleres alegam que a Unasul está paralisada desde janeiro de 2017 porque a Venezuela, com o apoio da Bolívia, do Suriname e do Equador, vetou o candidato argentino ao posto de secretário-geral.
Para Samper, é preciso negociar para dar fim ao impasse. "Na medida em que somos capazes de usar esse consenso para chegar a uma fórmula que poderia ser maioria qualificada ou algo assim para a eleição do secretário-geral, acho que existe a possibilidade de que uma solução rápida para essa questão possa ser encontrada", disse.
Segundo o ex-secretário-geral da Unasul, a iniciativa do Brasil e dos demais cinco países teve motivação política, daí a necessidade de ampliar o diálogo e buscar o consenso. "A Unasul nasceu como uma resposta à incapacidade do sistema interamericano para lidar com questões importantes, como questões relacionadas à defesa", lembrou.
*Com informações da ABI, agência pública de notícias da Bolívia.