Plutônio detectado no chão da usina de Fukushima
Material radioativo foi encontrado em cinco locais dentrro da central nuclear
Da Redação
Publicado em 28 de março de 2011 às 15h08.
Osaka - Vestígios do metal radioativo plutônio foram detectados nesta segunda-feira no solo, em cinco áreas da central nuclear de Fukushima, segundo a agência de notícias japonesa Kyodo, citando um relatório da empresa Tokyo Electric Power Co (Tepco).
A Tepco acredita que o plutônio veio do combustível de um dos reatores avariados após o terremoto seguido pelo maremoto de 11 de março.
Nesta segunda-feira, água com alto índice radioativo foi detectada nos túneis que passam sob os prédios de contenção dos reatores 1, 2 e 3.
Um porta-voz da Tokyo Electric Power (Tepco) declarou à AFP que a taxa de plutônio encontrada nesses locais era equivalente à detectada no Japão após os testes atômicos realizados em países vizinhos como, por exemplo, a Coreia do Norte.
"As mostras colocaram em evidência a presença de plutônio 238, 239 e 240", precisou e "a concentração fraca não representa nenhum perigo para a saúde", acrescentou.
Quatro dos seis reatores de Fukushima Daiichi foram destruídos.
A interrupção nos circuitos de resfriamento do núcleo dos reatores e as piscinas de combustível reciclado e irradiado provocaram um início de fusão das barras (varas) de combustível, que foram seriamente destruídas.
O processo de fusão pôde ser dominado pelos técnicos da Tepco que trabalharam noite e dia, com a ajuda de equipamentos contra incêndio.
Durante entrevista à imprensa na noite de segunda-feira, Haruki Madarame, presidente da Comissão de Segurança Nuclear do Japão, não excluiu a possibilidade de que as barras de combustível do reator 2, que ficaram temporariamente expostas ao clima, tenham sido "destruídas de forma importante", anunciou a agência de notícias Kyodo.
Substâncias que podem provir do núcleo do reator foram descobertas numa camada altamente radioativa recobrindo o subsolo da sala de máquinas adjacente, assim como num túnel passando no solo e que termina no exterior do prédio, a 60 metros do Oceano Pacífico.
A taxa de radioatividade na superfície desta camada é de mais de 1.000 milisieverts, um nível muito elevado que faz supor que a água contaminada esteve em contato direto com o combustível.
Escapamentos de água radioativa foram também descobertos nas salas de máquinas e em túneis dos reatores 1 e 3.
O reator 3, que teve o teto do prédio de contenção destruído por uma explosão, é o único a conter MOX (mistura de óxidos de plutônio e de urânio) cujos dejetos radioativos são considerados muito perigosos.
No entanto, o plutônio pode também provir de um outro reator funcionando apenas com urânio, porque 30% da energia produzida vem da conversão do urânio em plutônio.