Planos de austeridade se sucedem e se assemelham na Irlanda
A Irlanda foi o primeiro país europeu a entrar em recessão no segundo trimestre de 2008
Da Redação
Publicado em 21 de novembro de 2010 às 16h11.
Dublin - O plano de rigor que a Irlanda se dispõe a adotar, em torno de 10% do Produto Interno Bruto (PIB), soma-se a uma série de medidas de austeridade que o ex-"tigre celta" se viu obrigado a anunciar, enquanto afundava na crise.
Após presumir um crescimento de 6% do PIB em 2007, a Irlanda foi o primeiro país europeu a entrar em recessão no segundo trimestre de 2008.
A resposta foi rápida. Em julho daquele ano, Dublin lançou seu primeiro plano de rigor, com a redução de 3% dos vencimentos do pessoal (excluindo a educação e saúde), e cortando pela metade o orçamento das agências de representação e consultoria.
No entanto, os cerca de 50 bilhões de euros que o Estado teve que usar no resgate dos bancos irlandeses, muito atingidos pelo colapso das hipotecas subprime dos EUA, dispararam o déficit público a 32% do PIB neste ano.
O resultado: novas medidas de austeridade, ou seja, um aumento de impostos de 2 bilhões de euros em 2008, economia de 3,5 bilhões de euros no setor público em janeiro de 2009, e depois 4 bilhões suplementares em abril e julho do ano passado. Segundo estimativas oficiais, estes cortes vão resultar na remoção de 120 mil empregos públicos em 2009 e 2010, de um total de 320 mil funcionários.
Em dezembro de 2009, os salários dos empregados foram reduzidos novamente, entre 5% e 15%.
Ante a amplitude da crise, com um PIB que se contraiu cerca de 8% em 2009, o governo decidiu ir ainda mais longe.
O orçamento de 2011, que prevê economizar 6 bilhões de euros, afeta os fudamentos do Estado social, reduzindo em cerca de 5% os subsídios familiares e de desemprego.
O novo plano de rigor, que será anunciado na segunda ou terça-feira, intensificará esse movimento de austeridade, com uma reudção equivalente dos mesmos subsídios.
O orçamento quadrienal, que prevê uma economia total de 15 bilhões de euros até 2014, ou seja, quase 10% do PIB irlandês, afetará também o salário mínimo, um dos mais altos da Europa (8,65 euros por hora). Segundo a imprensa local, este mínimo será reduzido em um euro.