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Planeta terá 200 milhões de migrantes climáticos em 30 anos

O número significa que a cada 45 pessoas, uma deixará o lugar onde vive, temporária ou permanentemente, por causa das mudanças climáticas

Termômetro: estudos apontam para alta das temperaturas do planeta, o que leva a uma série de consequências para os seres humanos e para a natureza (Fernando Frazão/Agência Brasil)

Termômetro: estudos apontam para alta das temperaturas do planeta, o que leva a uma série de consequências para os seres humanos e para a natureza (Fernando Frazão/Agência Brasil)

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EFE

Publicado em 8 de dezembro de 2019 às 10h03.

Madri - O mundo, dentro de 30 anos, terá 200 milhões de migrantes climáticos, o que representará uma pessoa de cada 45 existente, segundo relatou à Agência Efe a porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) na Espanha, María Jesús Vega.

"Nós estamos arriscando a não haver um só canto do planeta a salvo da mudança climática", garantiu a funcionária das Nações Unidas durante a Cúpula do Clima (COP25), que está sendo realizada em Madri, na Espanha.

A Organização Internacional de Migração (OIM) define como migrantes climáticos as pessoas que são obrigadas a deixar os locais que vivem, temporária ou permanentemente, e se movem para dentro ou fora do país, por causa das mudanças progressivas nas condições de clima ou do meio-ambiente.

Vega destaca ainda a existência de uma diferença entre a pessoa que se desloca pelo climático e os refugiados que se tornaram mais comuns, devido aos fatores multiplicadores de ameaças, que pode, inclusive, exacerbar conflitos já existências, por causa da falta de recursos.

De acordo com a porta-voz da Acnur, como há a possibilidade de cidades e estados litorâneos sumirem do mapa por causa do aumento do nível do mar, é preciso pensar no que fazer com os habitantes. Vega lembra que, atualmente, existem 100 milhões de apátridas, número que pode aumentar devido a mudança climática.

Impacto do modelo

Um estudo da organização britânica Carbon Disclosure Project revelou que, desde 1988, mais da metade das emissões indústrias mundiais podem ser rastreadas em apenas 25 empresas e grandes estatais.

"A mudança climática é a última consequência de um modelo que vem espoliando os bens que são necessários hoje e para as futuras gerações, e de um sistema em que as indústrias estão esgotando os recursos", aponta o documento.

Como consequência, em 2018, houve recorde de novos deslocamentos internos, para quase 30 milhões, sendo 16,1 milhões, ou seja, mais que a metade, por incidentes relacionados à mudança climática, seja por tormentas, ciclones, furacões, tufões e inundações.

"E muitas vezes, os espaços que os governos oferecem (aos refugiados) são zonas estéreis, sem acesso à água, isolados e expostos a inundações, secas e outros desastres", lamentou Vega.

Isso aconteceu, por exemplo, com 200 mil dos 900 mil rohinyás que, após escaparem da violência em Mianmar, tiveram que sair dos assentamentos em Bangladesh, por causa de enchentes. A porta-voz da Acnur Espanha classificou a situação como "deslocamento dentro do deslocamento".

Mulheres afetadas

Mulheres, adolescentes e crianças do sexo feminino sofrem de maneira diferenciada com a mudança climática, em geral, e com as migrações climáticas, de acordo com um manifesto divulgado na Cúpula do Clima.

A explicaão é que são as principais responsáveis por tarefas que são cada vez mais difíceis de realizar pelo impacto, como a recolhida de água, por exemplo, em regiões que sofrem com escassez, entre outras. Com isso, são prejudicadas em questões como educação e saúde, e ficam mais expostas a violência machista.

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