Petróleo americano extraído do xisto revoluciona o mercado
"A América do Norte tem gerado um choque de oferta, cuja onda se expande a todo o mundo", afirmou a diretora executiva da AIE
Da Redação
Publicado em 14 de maio de 2013 às 11h06.
Paris - O "boom" do petróleo extraído do xisto nos Estados Unidos está criando um "choque de oferta" que revoluciona o mercado energético e "se expande a todo o mundo", destacou nesta terça-feira a Agência Internacional de Energia (AIE).
"A América do Norte tem gerado um choque de oferta, cuja onda se expande a todo o mundo", afirmou a diretora-executiva da AIE, Maria van der Hoeven, ao apresentar o relatório semestral que analisa a evolução do mercado petroleiro.
De acordo com Van der Hoeven, o auge do segmento energético permitirá que a oferta mundial de petróleo seja superior à demanda e isto deve "ajudar a acalmar um mercado petroleiro que estava relativamente tenso há vários anos".
A AIE, que depende da OCDE e defende os interesses dos grandes países consumidores de energia, prevê um aumento da capacidade de produção planetária de petróleo de 8,3 milhões de barris diários (mbd) entre 2012 e 2018, para chegar a 103 mbd. Paralelamente, a demanda aumentará 6,9 mbd, a 96,67 mbd.
Segundo a agência, dos 8,3 mbd que se somarão ao mercado, 6 milhões procederão de países de fora da Opep (Organização de Países Exportadores de Petróleo) e 3,9 milhões da América do Norte, epicentro da exploração deste petróleo não convencional.
Os projetos de exploração de petróleo e gás xisto absorveram bilhões de dólares e criaram milhares de empregos em áreas até agora secundárias dos Estados Unidos, como Dakota do Norte, e no oeste do Canadá.
Esta irrupção do petróleo americano transformará o mercado nos próximos cinco anos de forma tão significativa quanto foi o crescimento da demanda chinesa de petróleo nos últimos quinze anos, estima a AIE.
Este dinamismo contrasta com as previsões relativas à Opep, que agrupa grandes países exportadores, essencialmente do Oriente Médio, África e dois da América Latina, Venezuela e Equador.
Efetivamente, as capacidades de produção deste cartel, que produz atualmente cerca de 35% do petróleo mundial, aumentarão menos que o previsto pela agência, e estancarão, passando de 35,35 mbd em 2013 a 36,75 mbd em 2018.
Isso é consequência, segundo a AIE, dos "novos obstáculos" que surgiram na África do Norte e no Oriente Médio após a Primavera Árabe, que correm o risco de frear os investimentos no setor petroleiro.
Paralelamente, a AIE reduziu levemente suas estimativas de crescimento de consumo de petróleo para os próximos anos (90,58 mbd em 2013, aumentando 1,1 mbd a cada ano para chegar a 96,68 mbd em 2018).
Este crescimento estará, sobretudo, sustentado pelas necessidades cada vez maiores dos países emergentes e em desenvolvimento. O consumo dos países de fora da OCDE superará pela primeira vez no trimestre em curso o dos membros desta entidade, formada principalmente pelos países mais industrializados.
*Matéria atualizada às 11h06