Mundo

Pesquisa mapeia 530 “zonas mortas” em todo o mundo

Problemas como excesso de fertilização do mar e pouco oxigênio deixaram uma área do tamanho da Nova Zelândia desprovida de peixes e outros seres marinhos

Zona Morta Costeira ao longo da costa da Luisiana. (Permaculture)

Zona Morta Costeira ao longo da costa da Luisiana. (Permaculture)

DR

Da Redação

Publicado em 26 de fevereiro de 2011 às 10h24.

São Paulo - Uma nova pesquisa realizada pelo World Resources Institute (Instituto de Recursos Naturais - WRI) e o Instituto Virgínia de Ciência Marinha (VIMS) identificou mais de 530 "zonas mortas" de baixa quantidade de oxigênio e 228 locais marinhos no mundo com sinais de eutrofização. A eutrofização ocorre quando corpos d’água são altamente fertilizados por nutrientes que são lavados para a superfície da água por fazendas e áreas urbanas.

Analistas do WRI e da VIMS compilaram informações na web-base, que fornece uma ampla base de dados e mapas interativos das áreas afetadas, juntamente com links para artigos, fotos e outros recursos. Até agora, “a falta de informação e monitoramento tem sido um grande obstáculo para a compreensão da extensão e os impactos das ‘zonas mortas’ e eutrofização em ecossistemas costeiros ", disse Mindy Selman, analista sênior da qualidade da água na WRI. "Este website é um passo importante porque compila as informações atualizadas em um local central para aumentar a consciência e oferecer soluções para controlar a poluição por nutrientes".

Uma característica importante do site é a seção de comentários para solicitar o feedback dos visitantes, que serão incentivados a fornecer atualizações para os mapas e bancos de dados dosconhecimentos das condições locais. As 530 áreas e os 228 locais, juntos, compreendem mais de 95.000 milhas quadradas, aproximadamente o tamanho de Nova Zelândia. A maior zona morta nos Estados Unidos, na foz do Mississipi, abrange mais de 8.500 milhas quadradas, aproximadamente o tamanho de Nova Jersey. Uma grande zona morta também está subjacente ao tronco principal da baía de Chesapeake, ocupando cerca de 40% da área da baía, e até cinco por cento do seu volume a cada verão.

O professor Bob Diaz, que conduziu a compilação dos dados da VIMS, disse: "Nos últimos 50 anos, os problemas relacionados com o excesso de fertilização do mar e pouco oxigênio dissolvido têm se expandido ao ponto de grandes áreas desprovidas de peixes, camarões e caranguejos serem ocorrências comuns. Estas zonas mortas, ou desertos de oxigênio, são muito prejudiciais para o ambiente e também às pessoas que dependem do mar para sua subsistência".


Eutrofização e hipóxia - termos científicos para zonas mortas com baixa concentração de oxigênio -, muitas vezes caminham lado a lado, como excesso de nutrientes em florações de algas que, quando morrem e afundam, fornecem uma fonte rica de alimento para as bactérias. As bactérias, por sua vez, consomem o oxigênio a partir de águas circundantes, criando zonas mortas onde os peixes não podem sobreviver. Outros impactos da eutrofização incluem danos aos recifes de coral, proliferação de algas tóxicas e perda de biodiversidade.

A parceria entre a WRI e VIMS deriva de um estudo do WRI 2007, dos principais obstáculos ao tratamento eficaz da eutrofização. O estudo concluiu que um dos principais obstáculos é a falta de sensibilização e compreensão do fenômeno e seus impactos, causas e extensão. A eutrofização e as zonas mortas são um estressor chave dos ecossistemas marinhos e classificam a pesca excessiva, perda de habitat e proliferação de algas tóxicas como problemas ambientais globais para a vida marinha.

Diaz, que começou a monitorar o alcance mundial da eutrofização e zonas mortas em meados de 1990, publicou uma lista atualizada de áreas hipóxicas em todo o mundo. Ele e o WRI trabalharam juntos no novo site para expandir a lista de zonas mortas, incluindo as áreas costeiras onde os sintomas de eutrofização (por exemplo, a proliferação de algas) têm sido observados, mas que faltam os dados de monitoramento para classificar o sistema como hipóxia.

O World Resources Institute (WRI) tem como missão encontrar formas práticas para proteger a terra e melhorar a vida das pessoas. O Instituto Virgínia de Ciência Marinha (VIMS) está entre os maiores centros de investigação marinha e de educação nos Estados Unidos.

Acompanhe tudo sobre:Meio ambienteSustentabilidadeTecnologias limpas

Mais de Mundo

Forças Armadas Canadenses serão lideradas por uma mulher pela 1ª vez

Autoridades do G20 recebem recomendações de centros de pesquisas

Ataques russos na região de Donetsk deixam ao menos 11 mortos e 43 feridos

Novo primeiro-ministro britânico anuncia fim de plano de expulsar migrantes para Ruanda

Mais na Exame