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Peru suspende toque de recolher e protestos tomam as ruas de Lima

A medida deveria supostamente parar a violência na capital após protestos anteriores contra o aumento dos preços dos combustíveis e alimentos

(Presidência do Peru/Divulgação/Reuters Brazil)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 5 de abril de 2022 às 21h48.

O presidente do Peru, Pedro Castillo, anunciou na noite desta terça-feira, 5, que o decreto de imobilidade dos cidadãos (toque de recolher) ficou sem efeito depois que mais de mil peruanos se manifestaram em Lima desobedecendo a ordem de ficar em casa. A medida deveria supostamente parar a violência na capital após protestos anteriores contra o aumento dos preços dos combustíveis e alimentos.

Antes mesmo da decisão, panelaços foram ouvidos nos bairros mais ricos da capital. Centenas de pessoas com camisas da seleção peruana tomaram as ruas para protestar contra Castillo. No começo da noite, eles se dirigiam para a Plaza San Martín, tradicional ponto de protestos na capital.

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Segundo a conta oficial da Conmebol no Twitter, a partida entre o Sporting Cristal e o Flamengo que estava prevista para esta noite -- e chegou a ser suspensa -- ocorrerá, mas com previsão de início às 22h (hora de Brasília). O jogo pela Libertadores estava marcado antes para às 21h30 (hora de Brasília).

Durante toda esta terça-feira, a capital do Peru e seu principal porto estiveram sob um toque de recolher, com soldados armados e policiais mobilizados para aplicar a medida. As ações foram denunciadas pela oposição como ilegais e marcaram a primeira vez desde o governo de Alberto Fujimori que as autoridades peruanas ordenaram que as pessoas ficassem em casa para controlar os protestos.

Ruas desertas no Peru

Nesta terça-feira, as principais rodovias e mercados de rua de Lima estavam quase desertos, e as principais linhas de ônibus e transporte público estavam fora de serviço. O governo disse que as pessoas poderiam deixar suas casas apenas em casos de emergência médica ou necessidade de comprar remédios ou alimentos.

Caminhoneiros e outros trabalhadores do transporte protestaram e entraram em greve pelos preços dos combustíveis e alimentos, bloqueando algumas rodovias importantes. Os protestos na semana passada resultaram em quatro mortes e na queima de postos de pedágio e saques em pequena escala.

A medida gerou imediatamente uma rejeição majoritária, entre eles da presidente do Congresso, a opositora María del Carmen Alva, que afirmou no Twitter que Castillo "não pode impedir o funcionamento do Congresso" de acordo com a Constituição. Segundo Alva, a Assembleia Legislativa "continuaria com a agenda marcada para hoje".

Rumores sobre manifestações em Lima

A decisão do executivo foi tomada em meio a uma onda de rumores nas redes sociais sobre possíveis manifestações e saques em Lima nesta terça-feira, após a paralisação que as transportadoras realizam há uma semana.

Embora o Executivo peruano tenha decidido isentar a gasolina e o diesel do imposto de consumo seletivo até junho, Castillo justificou o toque de recolher devido aos "atos de violência que alguns grupos quiseram criar".

O presidente fez "um apelo à calma, à serenidade" e esclareceu que o protesto social é um direito constitucional, mas que deve ser feito "no quadro da lei, respeitando a integridade das pessoas, bem como o patrimônio público e privado" .

Defensoria do Peru apresenta ação na Justiça

A Defensoria do Peru apresentou nesta terça-feira um recurso de "habeas corpus" para que a Justiça revogasse o toque de recolher. A ação foi movida no Superior Tribunal de Justiça de Lima pelo defensor Walter Gutiérrez contra Castillo e diversos ministros.

"Solicitamos que a ação seja declarada procedente e, portanto, que seja anulada a imobilização social obrigatória", diz o documento.

O recurso foi proferido pouco depois da Defensoria de Justiça emitir um comunicado em que exigia ao Executivo "cessação imediata" do despacho por considerá-lo "inconstitucional". Castillo anunciou o toque de recolher minutos antes da meia-noite de segunda-feira, 4.

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