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Pequim rejeita acusações dos EUA sobre influência russa e chinesa na África

Qin Gang, embaixador da África em Washington, disse que o continente não deveria ser um lugar para "a competição das grandes potências"

 (zhangshuang/Getty Images)

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AFP

Publicado em 14 de dezembro de 2022 às 12h00.

Os Estados Unidos alertaram que China e Rússia desestabilizam a África com suas crescentes incursões, no início de uma cúpula em Washington com líderes africanos na terça-feira (13), uma acusação que Pequim rejeitou nesta quarta (14).

Quase 50 governantes africanos foram convidados para o evento, o segundo do gênero depois daquele organizado em 2014 pelo então presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e que o atual presidente, Joe Biden, pretende aproveitar para reposicionar o seu país no continente após a desinteresse de seu antecessor, Donald Trump.

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Em um painel com vários presidentes africanos no início da reunião de três dias na terça-feira, o secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, observou que "a China está expandindo sua presença" na África "diariamente" por meio de sua crescente influência econômica.

"A parte preocupante é que eles nem sempre são transparentes em relação ao que fazem e isso cria problemas que eventualmente serão desestabilizadores, se é que já não são", afirmou.

Quanto à Rússia, "continua enviando armas baratas" e mobilizando "mercenários por todo o continente. E isso também é desestabilizador", acrescentou.

A China rejeitou as críticas ao seu papel na África: seu embaixador em Washington, Qin Gang, disse que o continente não deveria ser um lugar para "a competição das grandes potências".

Nesta quarta-feira em Pequim, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Wang Wenbin, declarou à imprensa que Washington "deveria respeitar a vontade do povo africano e tomar medidas concretas para ajudar o desenvolvimento da África, em vez de concentrar seus esforços em difamar e atacar outros países".

Biden planeja discursar na cúpula nesta quarta-feira e na quinta-feira.

Ele defenderá, em particular, um maior papel da África no cenário internacional, com cadeira no Conselho de Segurança da ONU, e uma representação formal da União Africana no G20.

Na terça-feira, durante um fórum organizado à margem da cúpula com a diáspora africana nos Estados Unidos, o chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, assegurou que a nova estratégia dos EUA pode ser resumida em uma única palavra: "parceria".

No entanto, os Estados Unidos têm o cuidado de não falar em competição aberta com a China no continente.

Pequim é o maior credor mundial de países pobres e em desenvolvimento e investe pesadamente no continente africano, rico em recursos naturais.

Além dos investimentos, a cúpula abordará a mudança climática, a insegurança alimentar - agravada pela guerra na Ucrânia -, as relações comerciais e a boa governança.

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