Bo Xilai: político foi deposto no maior escândalo político em duas décadas, após sua mulher ser acusada de matar um empresário britânico (Reuters)
Da Redação
Publicado em 7 de novembro de 2012 às 12h43.
Pequim - A China aprendeu uma lição "extremamente profunda" com o escândalo Bo Xilai e vai tornar o combate à corrupção uma prioridade juntamente com uma nova reforma, disse um porta-voz do Partido Comunista nesta quarta-feira, um dia antes da abertura de um congresso essencial para a mudança de liderança.
Contudo, o porta-voz Cai Mingzhao afirmou que a reforma política teria de ser realista, e que o sistema atual da China, de governo de um partido, não estava em debate.
Bo, no passado considerado um candidato ao topo da liderança na segunda maior economia do mundo, foi deposto no maior escândalo político da China em duas décadas, no início deste ano, após sua mulher ser acusada de matar um empresário britânico.
"Nosso país é uma sociedade em transição, o fenômeno da corrupção acontece facilmente e com frequência, e é uma tarefa de longo prazo e difícil para o partido (resolver)", disse Cai em uma entrevista coletiva no Grande Salão do Povo de Pequim.
"Os problemas de Bo Xilai e Liu Zhijun... ocorreram em níveis altos dentro do partido e são casos graves de corrupção; as lições (aprendidas) foram extremamente profundas", afirmou Cai, referindo-se também a um ministro das Ferrovias demitido no ano passado por corrupção.
A esposa de Bo, Gu Kailai, e seu antigo chefe da polícia, Wang Lijun, foram presos por causa do escândalo que resultou da morte do empresário britânico Neil Heywood enquanto Bo era chefe do partido na cidade de Chongqing.
O governo acusou Bo de corrupção e de contornar a lei para abafar o assassinato. A promotoria iniciou formalmente uma investigação criminal sobre Bo no mês passado.
O drama sobre o caso de Bo tem ofuscado o que supostamente deveria ser um congresso quinquenal cuidadosamente coreografado, em que o presidente Hu Jintao vai desistir de sua posição como chefe do partido para o sucessor, o vice-presidente Xi Jinping.
Xi, no entanto, enfrentará mais do que apenas a crise de Bo.
Defensores da reforma estão pressionando Xi para cortar os privilégios de empresas estatais, tornar mais fácil para os migrantes rurais se estabelecerem nas cidades, consertar um sistema fiscal que incentiva os governos locais a viver de desapropriações de terras e, acima de tudo, amarrar os poderes de um estado que eles afirmam sufocar o crescimento e estimular descontentamento.
Cai disse que a reforma era um caminho vital para a China, mas não chegou a fornecer quaisquer detalhes.
"À medida que avançamos em nossas reformas no futuro, vamos... enfatizar mais a importância de colocar as pessoas em primeiro lugar", afirmou ele a repórteres.
Embora Cai tenha dito que haveria um maior esforço na promoção da "democracia interna do partido" -- em outras palavras, encorajar um maior debate dentro do partido -- não haveria nada que sugira que o partido está disposto a relaxar seu controle sobre o poder.
"A principal posição do Partido Comunista da China é uma decisão tomada pela história e pelo povo", disse ele. "A reforma do sistema político deve se adequar à realidade nacional da China. Temos que inabalavelmente manter o caminho certo trilhado pelo partido."