Jean-Marie Le Pen: os europarlamentares deram sua aprovação ao relatório da comissão de Assuntos Jurídicos (Vincent Kessler / Reuters)
AFP
Publicado em 25 de outubro de 2016 às 10h42.
O Parlamento Europeu retirou nesta terça-feira a imunidade parlamentar do ultradireitista francês Jean-Marie Le Pen, a pedido da justiça francesa, que quer investigá-lo por incitação ao ódio racial por declarações contra um cantor de origem judaica.
Os europarlamentares deram sua aprovação ao relatório da comissão de Assuntos Jurídicos, para quem a imunidade de um deputado europeu "não o autoriza a caluniar, difamar, incitar ao ódio ou proferir afirmações que possam danificar a honra de uma pessoa".
Le Pen, de 88 anos, acostumado a ser alvo de processos judiciais por suas declarações, atacou em junho de 2014 vários artistas contrários ao seu partido, como Madonna, o humorista francês Guy Bedos e o cantor e ex-campeão de tênis Yannick Noah.
Quando o cantor Patrick Bruel, que é de origem judaica, foi citado, Jean-Marie Le Pen respondeu: "Faremos uma fornada da próxima vez". Esta frase lhe valeu críticas inclusive de sua filha Marine Le Pen, presidente da ultradireitista Frente Nacional, que a classificou de "falta política".
Para o parlamentar de extrema-direita, a palavra "fornada" não tinha "nenhuma conotação antissemita, exceto para os inimigos políticos ou os imbecis".
Segundo uma fonte da Eurocâmara, Marine Le Pen também é alvo de um pedido de retirada da imunidade parlamentar, por divulgar em sua conta do Twitter em dezembro de 2015 imagens violentas sobre as atrocidades cometidas pelo grupo Estado Islâmico, em resposta a um jornalista que comparava seu partido a esta organização extremista.
A análise deste pedido do Ministério Público de Nanterre, que deve agora ser examinado pela comissão de Assuntos Jurídicos, pode levar vários meses.