Reino Unido só teria uma eleição nacional em 2020, mas a primeira-ministra May antecipou a votação para 8 de junho (Jack Taylor/Getty Images)
Reuters
Publicado em 19 de abril de 2017 às 11h09.
Última atualização em 19 de abril de 2017 às 11h59.
Londres - A primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, obteve nesta quarta-feira a aprovação do Parlamento britânico para uma eleição antecipada que a premiê espera que fortaleça a posição do governo no processo de saída do país da União Europeia e ajude a resolver as divisões no país.
May surpreendeu aliados e opositores na terça-feira ao anunciar que planejava adiantar uma eleição que só deveria acontecer em 2020, dizendo que precisa evitar um choque de prioridades nas delicadas etapas finais das conversas de dois anos para o chamado Brexit.
Depois de discursar em uma sessão agitada na Câmara dos Comuns, May conquistou o endosso de 522 dos 650 membros do Parlamento para a eleição de 8 de junho, uma vitória fácil que pode fazer com que sua maioria parlamentar aumente em ao menos 100 cadeiras na eleição.
"Acredito que neste momento de enorme significado nacional deveria haver unidade aqui em Westminster, não divisão", disse May ao Parlamento.
"Uma eleição geral irá proporcionar ao país cinco anos de liderança forte e estável para atravessarmos as negociações e fazer com que sejamos capazes de ter sucesso como resultado, e isso é crucial".
A ex-ministra do Interior, que se tornou premiê sem ser eleita pelo povo quando seu antecessor, David Cameron, renunciou na esteira do referendo do Brexit no ano passado, conta com uma grande vantagem sobre a principal força da oposição, o Partido Trabalhista, nas pesquisas de opinião.
A premiê também ressaltou a força da economia britânica, que vem desafiando as previsões de uma desaceleração -- um tema de campanha central que seu Partido Conservador irá usar para tentar minar os trabalhistas na eleição.
Uma vitória daria a May um mandato que se estenderia até 2022, tempo suficiente para tratar das negociações do Brexit e um possível período de transição para novos arranjos comerciais com a UE, uma perspectiva que fortaleceu a libra esterlina.
May notificou a UE formalmente sobre a intenção de seu país deixar o bloco em 29 de março, iniciando um período de negociação de dois anos para acertar os termos da separação e um novo relacionamento comercial, e disse ter confiança em firmar um acordo neste período.
Na terça-feira ela afirmou que chegou "relutantemente" à decisão de convocar uma eleição antecipada por causa da divisão política em Westminster, criticando partidos da oposição por tentarem frustrar seus planos de desfiliação da UE.