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Para Trump, investigar Biden importava mais que Ucrânia, diz diplomata

William Taylor já havia indicado que os EUA condicionaram o apoio à Ucrânia ao andamento das investigações sobre negócios do adversário de Trump

Trump: presidente americano é alvo de processo de impeachment pela Câmara dos Deputados (SOPA Images/Getty Images)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 13 de novembro de 2019 às 17h31.

A primeira audiência aberta do processo de impeachment do presidente Donald Trump trouxe um depoimento incômodo ao americano: o do embaixador dos Estados Unidos na Ucrânia, William Taylor. No fim de outubro, ele indicou em um testemunho aos deputados que o governo estava condicionando apoio à Ucrânia ao andamento das investigações sobre negócios do filho de Joe Biden , adversário político de Trump.

Hoje, Taylor revelou que Trump questionou o embaixador dos EUA para a União Europeia, Gordon Sondland, sobre as investigações. A pergunta foi feita durante uma ligação realizada em julho, acompanhada por um integrante da equipe de Taylor.

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No pronunciamento aos deputados da Comissão de Inteligência da Câmara nesta manhã, Taylor afirmou que o integrante de sua equipe questionou Sondland sobre o que Trump pensava sobre a Ucrânia. "Embaixador Sondland afirmou que Trump se preocupa mais com as investigações sobre Biden, as quais (Rudy) Giuliani vinha pressionando", afirmou Taylor.

Segundo ele, quando prestou depoimento no último dia 22 de outubro, ele não estava ciente dessa informação. O embaixador foi questionado por parlamentares se já esteve ciente de ajuda externa condicionada por interesses pessoais ou políticos do presidente dos EUA. "Não, eu não vi", afirmou o diplomata.

A conversa com Sondland teria acontecido, segundo o depoimento, no dia 26 de julho, um dia depois de Trump ter pressionado o presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, a investigar Biden e o filho do democrata, Hunter Biden, em um momento em que a ajuda financeira militar dos EUA à Ucrânia estava suspensa.

O processo de impeachment de Trump foi aberto pela presidente da Câmara, Nancy Pelosi, no fim de setembro e tem como ponto central a suposta tentativa do presidente americano de usar sua influência com outra nação para prejudicar um opositor político.

Taylor serviu a governos democratas e republicanos desde a presidência de Ronald Reagan. Ele estava aposentado quando foi convidado a assumir a Embaixada dos EUA em Kiev, na Ucrânia - um cargo que ocupou de 2006 a 2009.

No fim de outubro, ele prestou depoimento a portas fechadas aos deputados quando, segundo a transcrição do encontro, disse que o advogado de Trump, Rudy Giuliani, estava pressionando a Ucrânia a fazer uma intervenção na política doméstica dos EUA. Ele confirmou, na ocasião, que o apoio dos EUA à Ucrânia estava condicionado ao andamento de investigações sobre o filho de Biden.

A sessão desta quarta-feira, 13, marca o início de uma nova estratégia dos democratas. Com a transmissão ao vivo das audiências públicas, o impeachment ganha nova dimensão e a oposição tenta conquistar apoio na base eleitoral e eleitores independentes para dar força ao processo de impeachment. Até o momento, o partido tem consciência de que, ainda que o impeachment seja aprovado pela Câmara, a remoção de Trump acabaria rejeitada pelo Senado, de maioria republicana.

Fila para assistir a depoimentos

A fila para entrar na Comissão de Inteligência da Câmara começou por volta das 8 horas da manhã, duas horas antes do início da sessão. Ao menos 150 pessoas aguardavam por um assento para assistir os dois depoimentos desta tarde. Com os lugares limitados, os que ficaram de fora acompanhavam pelo celular o andamento da sessão que acontecia do outro lado da parede.

Enquanto a sessão acontecia, Trump usou o Twitter para criticar os democratas. Em um vídeo publicado na conta da Casa Branca - e repostado pelo presidente em sua conta pessoal -, ele afirma que os democratas estão tentando atingi-lo. "Eles estão tentando me parar, porque eu estou lutando por vocês. E eu nunca deixarei isso acontecer", afirmou o presidente. Trump irá conceder um pronunciamento à imprensa à tarde, após receber na Casa Branca o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan.

A audiência desta quarta-feira também ouve o depoimento de George Kent, vice-secretário de Estado para assuntos europeus. Durante perguntas dos parlamentares, Kent afirmou que não há fundamento para as acusações de que Biden, quando vice-presidente durante o governo Obama, tenha tentado interromper investigações sobre a empresa de gás ucraniana, Burisma Holdings, da qual seu filho fazia parte do conselho de administração. Essa vem sendo uma alegação dos aliados de Trump durante o processo de impeachment.

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