Rio de Janeiro - Em 1986, última vez que a Rússia, na época ainda como União Soviética, passou da fase de grupos da Copa do Mundo, Tatsiana Contini ainda era uma criança.

Nesta segunda-feira, 28 anos depois, ela esteve no Maracanã para assistir a partida entre Rússia e Bélgica no Maracanã, pela segunda rodada do Grupo H.

Natural de Belarus, uma ex-repúplica soviética, se ela não tem o carimbo da Rússia em seu passaporte, no coração e no campo torce para a seleção do país do presidente Vladimir Putin.

"Somos países irmãos", diz ela, que também tem um pouco do Brasil em sua identidade. "Meu marido é brasileiro, nos conhecemos nos Estados Unidos, onde vivemos atualmente. Viemos ao Brasil assistir a Copa do Mundo", conta Tatsiana.

Em relação ao conflito na Ucrânia, também uma ex-república soviética onde a população do leste do país tem fortes raízes russas (assim como ela) e se sublevou contra o governo central, Tatsiana afirma que o povo bielorruso prefere não assumir um lado.

"Torcemos pela paz", diz ela, ao explicar que a população das antigas repúblicas soviéticas se sente metade russa e metade de seus novos países.

Sobre a Copa do Mundo, Tatsiana afirma que está gostando do que tem visto e da organização, e acredita que o povo russo está confiante e feliz por sediar o próximo Mundial, em 2018.

Essa parece ser a sensação da grande maioria dos russos presentes no estádio, para quem a ideia de ser contra a realização de uma Copa do Mundo soa como algo estranho.

"Todo mundo na Rússia apoia a Copa. Vamos ganhar novos estádios, melhorar a infraestrutura, vai ser bom", diz o morador de Moscou Sergey Ustyugov, que veio ao Rio assistir o Mundial com um amigo.

"Não temos nada a reclamar sobre a organização e a cidade, tudo está muito bom, a atmosfera ótima e inclusive o clima, pois não está muito calor", acrescenta.

Para um trio de amigos que está passando férias no Brasil e aproveitou para assistir o jogo no Maracanã, no entanto, a organização apresentou pequenas falhas.

"Em campo está tudo maravilhoso. Uma Copa fantástica. Fora, há alguns pequenos problemas, como uma conexão de internet ruim e longas filas dentro do estádio", aponta Sergey Gorshkov, também de Moscou.

Já em relação a 2018, ele diz que o povo russo gosta muito de futebol, assim como o brasileiro, e que sediar a Copa do Mundo será uma grande oportunidade. Mas faz apenas uma ressalva: "Em alguns locais no interior do país existem torcedores muito violentos".

Se em campo, após a derrota para a Bélgica por 1 a 0, a Rússia parece que não repetirá o feito de 86 e não avançará para a próxima fase, fora dele o clima com a Copa de 2018 é de otimismo.

Resta saber se até lá não vai surgir um "não vai ter Copa" versão russa.