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Para Cuba, novas medidas de Obama beneficiam os EUA

A representante do Ministério das Relações Exteriores de Cuba sustentou que as medidas são "positivas", mas de caráter muito limitado


	Cuba: esta foi a 1ª reação de Cuba depois que Obama emitiu um roteiro para carimbar sua política de abertura
 (Alexandre Meneghini/Reuters)

Cuba: esta foi a 1ª reação de Cuba depois que Obama emitiu um roteiro para carimbar sua política de abertura (Alexandre Meneghini/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2016 às 22h40.

Havana - A diretora geral do Departamento dos Estados Unidos no Ministério das Relações Exteriores de Cuba, Josefina Vidal, disse nesta sexta-feira que as novas medidas de relaxamento de sanções e a direção aprovada pelo presidente americano, Barack Obama, para blindar o degelo, beneficiam mais o seu país do que Cuba.

Em entrevista coletiva em Havana, a alta funcionária, que foi o rosto cubano mais visível no processo de normalização de relações diplomáticas entre ambos os países, sustentou que as medidas são "positivas", mas de caráter muito limitado, enquanto partes da direção presidencial têm um conteúdo intervencionista.

Esta foi a primeira reação de Cuba depois que Obama emitiu na segunda-feira passada um roteiro para carimbar sua política de abertura rumo a Cuba e torná-la "irreversível", acompanhada de um novo relaxamento do embargo para impulsionar a cooperação no âmbito médico e ajudar a melhorar a agricultura e a infraestruturas da ilha.

"O documento não esconde o propósito de promover mudanças no ordenamento político, econômico e social, nem esconde a intenção de continuar desenvolvendo programas intervencionistas", argumentou ela.

Com relação à capacidade deste roteiro de frear uma possível reversão do processo de degelo depois das próximas eleições presidenciais nos Estados Unidos, ela indicou que existem pautas que podem ser "úteis" se o próximo presidente americano tiver vontade de continuar a aproximação com Cuba.

Na entrevista, Josefina comentou também as novas medidas de relaxamento do embargo econômico, mas afirmou que elas têm caráter restrito porque a maioria se limita a ampliar ou aprofundar concessões prévias.

Para ela, essas concessões são "positivas", mas ficam longe das reivindicações que o governo cubano considera prioritárias para a economia.

Ela ressaltou que o investimento direto de empresas americanas em Cuba - exceto no setor das telecomunicações - continua proibido e também é mentido o veto às importações de produtos cubanos, principalmente os procedentes do setor estatal, primordial na economia nacional.

A diretora geral destacou que o setor financeiro ainda não adotou as novas medidas e que permanecem mantidas as restrições aos bancos cubanos de abrir contas em bancos americanos.

As medidas aprovadas hoje pelos Estados Unidos, que constituem a sexta rodada de flexibilização do regime de sanções e que entrarão em vigor a partir da próxima segunda-feira, incluem a promoção de projetos conjuntos de pesquisa médica entre cidadãos americanos e cubanos, e a importação aos Estados Unidos de produtos farmacêuticos cubanos.

Também permitem que os americanos autorizados possam oferecer serviços relacionados ao desenvolvimento, reparação e manutenção de infraestruturas em Cuba, assim como a exportação de artigos americanos, como pesticidas e tratores, sem restrições de pagamento com dinheiro ou antecipado.

Além disso, fica eliminado o controle que impedia certos navios estrangeiros que tinham tocado o porto cubano de entrar nos Estados Unidos para carregar ou descarregar em um prazo de 180 dias, e também estão suspensos os limites que até agora valiam para os viajantes americanos sobre entrada de rum e charuto em seu país (para consumo pessoal).

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