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Governo paquistanês é contra recompensa por morte de diretor

Ministro Bilours ofereceu US$ 100 mil pela morte do diretor do filme anti Maomé


	Manifestante põe fogo em pneus durante protesto contra filme "A Inocência dos Muçulmanos"
 (Aamir Qureshi/AFP)

Manifestante põe fogo em pneus durante protesto contra filme "A Inocência dos Muçulmanos" (Aamir Qureshi/AFP)

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Da Redação

Publicado em 23 de setembro de 2012 às 09h28.

Islamabad - O ministro que ofereceu US$ 100 mil pela morte do diretor do vídeo que ridiculariza Maomé foi desautorizado neste domingo pelo governo do Paquistão, que se mantém prudente após os distúrbios provocados pelo filme na sexta-feira.

No que alguns analistas veem como um movimento calculado, o titular da pasta de Ferrovias, Ghulam Ahmed Bilour, anunciou ontem que propunha uma recompensa a quem assassinasse Nakely Basula, identificado pela imprensa americana como autor do polêmico vídeo.

O membro do Executivo de Islamabad chegou a solicitar o apoio dos talibãs e da rede terrorista Al Qaeda e pediu que os ricos ponham à disposição da causa todo seu dinheiro, para que assim o assassino possa ser banhado em ouro e dólares'.

Suas declarações foram replicadas com cautela pelo escritório do primeiro-ministro, Raja Pervez Ashraf, que, segundo o canal local 'Geo News', se distanciou da postura de Bilour e disse que o governo 'não tem nada a ver' com as afirmações do ministro.

Bilour pertence ao Partido Nacional Awami (ANP), parceiro do governamental Partido Popular no Parlamento federal e que atualmente exerce o poder no Executivo regional da convulsa província de Khyber Pkhtunkwa (KPK).

'Foram declarações feitas pensando nas próximas eleições nacionais. Agitar o sentimento antiamericano gera lucro eleitoral, especialmente em KPK', explicou hoje à Agência Efe o analista político Humayun Khan.

A imprensa local destacou hoje, além disso, que Bilour possui junto com sua família diversos estabelecimentos na capital de KPK, Peshawar, entre eles um cinema que foi depredado nos fortes distúrbios de sexta-feira.


'Por um lado, é fácil pensar que quer posicionar-se com os radicais para proteger suas propriedades, e pelo outro desmascara sua nula militância religiosa porque muitos sabem que em seus cinemas eram exibidos filmes eróticos', acrescentou Khan.

Segundo o jornal 'Express Tribune', Bilour declarou que está consciente que estimular assassinato é um crime, mas na mesma entrevista condenou os distúrbios de sexta, que foram especialmente virulentos em Peshawar, onde morreram duas pessoas.

O partido do titular de Ferrovias também marcou distância com Bilour, mas o fez com ainda mais cautela.

O porta-voz Zahid Khan disse ao canal 'Geo' que seu partido 'acredita na não-violência' e que a declaração do ministro foi pessoal e não tem nada a ver com a posição de sua formação.

O ANP tem seu eleitorado principalmente entre a população pashtun do oeste e do sul do país, mas seu discurso é moderado politicamente e com uma marcada oposição ao fundamentalismo radical, profundamente enraizado na fronteira com o Afeganistão.

O Paquistão viveu neste fim de semana a ressaca pela cascata de eventos dos últimos dias, que culminaram com protestos maciços na sexta-feira passada, que foi declarada pelo governo como o dia oficial de 'Amor a Maomé'.

Pelo menos 20 pessoas, entre elas vários policiais, morreram em Peshawar e na cidade de Karachi nos fortes confrontos entre as forças de segurança e os milhares de manifestantes, que paralisaram totalmente o país.

Entre os incidentes houve o incêndio proposital de uma igreja na cidade de Mardán, em KPK, um ataque que paradoxalmente foi condenado com dureza pelo ministro Bilour, que disse que seus autores eram 'uns criminosos'. 

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