Mundo

Paquistão reabrirá secular templo hindu para celebrar festival religioso

No Diwali, que marca o ano novo hindu, os devotos estreiam roupas novas, lançam fogos de artifício e enfeitam suas casas com luzes

Paquistão tem atualmente uma população perto de 180 milhões de habitantes e, segundo o último censo, de 1998, 1,6% da população é hindu (Wikimedia Commons)

Paquistão tem atualmente uma população perto de 180 milhões de habitantes e, segundo o último censo, de 1998, 1,6% da população é hindu (Wikimedia Commons)

DR

Da Redação

Publicado em 26 de outubro de 2011 às 18h13.

Islamabad, Paquistão - A festa religiosa hindu conhecida como Diwali será muito especial para os devotos desta religião que vivem no Paquistão, uma vez que poderão acompanhar a abertura de um de seus templos do século 19 em terra islâmica.

A Índia celebra o Diwali, também conhecido como Festival das Luzes, nesta quarta-feira. Na cerimônia, que marca o ano novo hindu, os devotos estreiam roupas novas, lançam fogos de artifício e enfeitam suas casas com luzes.

A minoria hindu do Paquistão, rival histórico da Índia, não poderá celebrar com alvoroço a volta do deus hindu Ram ao seu reino após vencer o demônio Ravana, porém, terão um motivo de especial para comemorar o Diwali deste ano.

Mesmo com alguns dias de atraso, no próximo dia 30 de outubro, as autoridades paquistanesas planejam reabrir o templo de Gorakhnath, situado na cidade de Peshawar, conhecida pelo rigor islâmico de sua população.


"O templo será aberto neste domingo das 14h às 22h (horário local)", afirmou à Agência Efe Bakhat Khan, funcionário do departamento de Arqueologia da província de Khyber Pakhtunkhwa, cuja capital é Peshawar.

Khan explicou que não pôde realizar a abertura do templo exatamente com o Diwali porque as autoridades não garantiriam a segurança dos hindus. A entrada ao templo, construído entre 1834 e 1849, será permitida somente aos fiéis hindus, sikhs e a imprensa.

O edifício religioso, situado no complexo arqueológico de Gor Katri, permaneceu fechado durante décadas, em um país que é palco de frequentes ataques contra minorias religiosas, incluindo os hindus.

O Paquistão tem atualmente uma população perto de 180 milhões de habitantes e, segundo o último censo, de 1998, 1,6% da população é hindu, comunidade religiosa que se concentra, principalmente, na província sulina de Sindh.


Devido à baixa percentagem de hindus no Paquistão e sua pouca visibilidade, são os cristãos e os ahmadis, considerados hereges, os que sofrem maior discriminação.

As leis antiblasfêmias são uma das ferramentas dos grupos religiosos para extorquir estas minorias.

A aplicação destas normas gerou um grande debate nacional, que teve seu clímax este ano com os assassinatos do governador da província de Punyab, Salmaan Taseer, e do ministro de Minorias, Shahbaz Bhatti.

O Governo paquistanês frequentemente é criticado por organizações de direitos humanos, já que as leis antiblasfêmias seguem em vigor.


No Paquistão não há muitos templos hindus, mas o mesmo não ocorre com os sikhs, comunidade que após a partilha do subcontinente (1947) se transferiu em massa para a Índia.

O funcionário paquistanês consultado pela Agência Efe não pôde dar uma estimativa dos hindus que irão acompanhar a abertura do templo. Mas, para a grande minoria, o Diwali será muito diferente.

Acompanhe tudo sobre:ÁsiaHindusPaquistãoReligião

Mais de Mundo

Donald Trump nomeia Susie Wiles como chefe de gabinete

Milei terá encontro com Trump na semana que vem nos Estados Unidos

Setores democratas atribuem derrota de Kamala à demora de Biden para desistir da disputa

Pelúcias inspiradas na cultura chinesa viralizam e conquistam o público jovem