Índia: como resposta a um ataque terrorista que matou 42 policiais na Caxemira indiana, a Índia bombardeou o Paquistão na última terça-feira (Adnan/Reuters)
Da Redação
Publicado em 1 de março de 2019 às 06h44.
Última atualização em 1 de março de 2019 às 07h15.
As tensões entre a Índia e o Paquistão se iniciaram logo após o término da segunda guerra mundial, com fim do domínio Britânico sobre a região. O vaivém de desentendimentos que, vez ou outra, eclode em embates bélicos, voltou a chamar a atenção do mundo nos últimos dias. Em meio à mais recente escalada de tensão que envolveu bombardeios e a captura de um piloto indiano pelo governo paquistanês, o primeiro ministro do paquistanês, Imran Khan, declarou ontem que, como um “gesto de paz”, vai libertar o combatente nesta sexta-feira, 28.
A captura do piloto indiano pelo governo paquistanês remonta ao último dia 14 de fevereiro, quando um atentado terrorista assumido pelo grupo muçulmano Jaish-e-Mohammed (JeM) matou 42 indianos na região da Caxemira, na Índia. Como retaliação, na última terça-feira, as Forças Armadas do país bombardearam um acampamento da associação terrorista JeM no território do Paquistão. O episódio voltou a suscitar tensão de uma crise intermitente que estava adormecida há anos.
Durante o bombardeio, militares paquistaneses conseguiram abater um caça indiano e capturaram o piloto que deve ser liberado hoje. Em declarações dadas na tarde de ontem, o primeiro-ministro do Paquistão confirmou a soltura e também disse estar entrando em contato com o governo indiano para evitar novos conflitos, que, segundo ele, não é de interesse de nenhuma das nações.
Até 1947, a Índia e o Paquistão formavam um único bloco territorial que estava sob o domínio do império Britânico. Com o fim da Segunda Guerra mundial, os Ingleses passaram a perder seus domínios na África e na Ásia, o que possibilitou a criação dos dois países.
Entretanto, a divisão mal pensada entre os dois Estados que estavam nascendo começou a figurar conflitos culturais. Enquanto a religião predominante na Índia é o hinduísmo, no Paquistão os muçulmanos são a maioria. Localizada exatamente no limite dos territórios da Índia e do Paquistão, a região da Caxemira passou a ser disputada por ambos os países. Já em 1947, aconteceu a primeira guerra pelo distrito. De lá para cá, os embates persistiram, proporcionando novas guerras nos anos de 1965 e 1971.
Para piorar ainda mais a questão, em 1971 a Índia ajudou o desmembramento do território paquistanês ao apoiar o grupo separatista da porção oriental do país, que vieram a criar o atual Estado de Bangladesh. Já em 1972, quando tanto a Índia quanto o Paquistão já haviam adquirido significativa quantidade de ogivas nucleares, os dois países assinaram o Acordo de Simia, onde, entre outras coisas, se comprometeram a resolver a questão da Caxemira sob panos diplomáticos.
Mesmo com o acordo, até hoje conflitos brotam nas terras da Caxemira. O território entre-fronteiras é dividido por uma linha de controle, sendo dois terços administrados pela Índia e um terço pelo Paquistão. Ao que tudo indica, a solução definitiva para o conflito que já dura 72 anos está tão distante quanto o início dos desentendimentos.