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Papa pede para cristãos irem à periferia ajudar esquecidos

Francisco disse que a Semana Santa significa "sair de nós mesmos para ir em direção à periferia e ao encontro dos mais afastados"

Papa: "não podemos nos contentar em permanecer no recinto das noventa e nove ovelhas, temos que sair, buscar com Ele a ovelha desgarrada, aquela mais distante", disse
 (Tony Gentile/Reuters)

Papa: "não podemos nos contentar em permanecer no recinto das noventa e nove ovelhas, temos que sair, buscar com Ele a ovelha desgarrada, aquela mais distante", disse (Tony Gentile/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 27 de março de 2013 às 10h02.

Cidade do Vaticano - O papa Francisco celebrou hoje a primeira audiência pública das quartas-feiras de seu pontificado, na qual disse que a Semana Santa significa "sair de nós mesmos para ir em direção à periferia e ao encontro dos mais afastados, dos esquecidos, de que necessitam compreensão, consolo e ajuda".

Diante de cerca de 20.000 pessoas reunidas na praça de São Pedro, o papa Bergoglio continuou o costume de seus antecessores de se reunir as quartas-feiras com fiéis de todo o mundo. Hoje suas primeiras palavras foram: "recolho a testemunha das mãos do meu antecessor, Bento XVI".

O papa argentino dedicou a catequese de seu primeiro encontro público à Semana Santa, centro do Ano litúrgico, e se perguntou o que significa para os cristãos viver este momento, "o que significa seguir Jesus em seu caminho rumo ao Calvário, em direção à Cruz e à Ressurreição?".

"Viver a Semana Santa seguindo Jesus quer dizer aprender a sair de nós mesmos, ir ao encontro dos outros, ir à periferia, ser os primeiros a nos movimentar rumo aos nossos irmãos, sobretudo em direção aos que estão mais longe, aqueles que estão esquecidos, aqueles que necessitam compreensão, consolo e ajuda", afirmou o papa.

O pontífice acrescentou: "Há tanta necessidade de levar a presença viva de Jesus misericordioso e rico de amor!".

Francisco afirmou ainda que Deus saiu de si mesmo para vir entre os homens, "pôs sua tenda entre nós para nos trazer misericórdia" e por isso os homens precisam segui-lo e permanecer com ele.

"Não podemos nos contentar em permanecer no recinto das noventa e nove ovelhas, temos que sair, buscar com Ele a ovelha desgarrada, aquela mais distante", discursou.


O papa criticou o fato de muitas vezes os cristãos dizerem "não tenho tempo", "tenho tanto o que fazer", "é difícil", "que posso fazer com minhas poucas forças" e assegurou que se os fiéis não tiverem "coragem" de ir em direção a Cristo "seremos como são Pedro, quem logo após Cristo falar de paixão, morte e ressurreição, de entrega de si, de amor para todos, o apóstolo o repreendeu".

"O que Jesus diz rompe seus planos, parece inaceitável, põe em dificuldade as seguridades que tinha construído, seu ideia do Messias. E Jesus olhou aos seus discípulos e olhou para Pedro e disse uma das palavras mais duras do Evangelho: "Para trás Satanás, já que não pensas segundo Deus, mas segundo os homens".

Deus, ressaltou Francisco, pensa com misericórdia, "como o pai que espera o retorno do filho e vai ao seu encontro, o vê quando está longe, sinal que o esperava todos os dias desde o terraço de sua casa".

"Deus socorre sem pedir nada em troca, Deus pensa como o pastor que doa sua vida para defender e salvar as ovelhas", afirmou.

O papa disse também que dá pena ver tantas paróquias fechadas e que é necessário levar a elas a luz e a alegria da fé. Francisco usou o italiano durante toda a audiência. Até agora, após a catequese, Bento XVI pronunciava um resumo da mesma em diferentes idiomas (espanhol, francês, inglês, alemão, polonês e dos países do leste europeu) e cumprimentava os fiéis dessas nações em suas línguas, inclusive em árabe.


Na audiência de hoje, os resumos em outros idiomas foram pronunciados pelo monsenhor do Vaticano, assim como a saudação do papa.

Francisco falou tudo em italiano, inclusive quando se dirigiu aos fiéis argentinos e de outros países latino-americanos presentes, o que desiludiu muitos deles, que queriam escutar em espanhol o primeiro papa da região.

O pontífice foi recebido na praça com exaltações como "viva o papa", "esta é a juventude do papa" e "te queremos", entre outras exclamações dos presentes, entre eles milhares de jovens latino-americanos.

O bispo de Roma percorreu o Vaticano no papamóvel e na mesma linha de seus primeiros dias de pontificado beijou crianças e cumprimentou muitos fiéis, inclusive vários jovens argentinos.

Amanhã, Quinta-Feira Santa, o papa celebrará na Basílica de São Pedro a Missa Crismal, que marca o começo do Tríduo Pascal, e pela tarde realizará a Missa do Jantar do Senhor no reformatório de menores de Casal del Marmo, nos arredores de Roma.

Neste local, papa lavará os pés de doze menores de diferentes religiões que estão detidos no centro. 

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