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Papa Francisco critica Trump por separação de pais e filhos na fronteira

Pontífice da Igreja Católica se junta ao coro de criticos do presidente dos Estados Unidos e diz que a retirada de crianças de seus pais é "imoral"

O papa Francisco e o presidente dos EUA, Donald Trump: pontífice se posicionou junto aos líderes religiosos que criticaram a separação de pais e filhos na fronteira com o México (Evan Vucci/Reuters)

O papa Francisco e o presidente dos EUA, Donald Trump: pontífice se posicionou junto aos líderes religiosos que criticaram a separação de pais e filhos na fronteira com o México (Evan Vucci/Reuters)

Gabriela Ruic

Gabriela Ruic

Publicado em 20 de junho de 2018 às 10h55.

Última atualização em 20 de junho de 2018 às 11h10.

São Paulo – O papa Francisco criticou a política de “tolerância zero” contra a imigração da administração de Trump nos Estados Unidos que resultou na separação de pais e filhos na fronteira do país com o México.

Em uma rara entrevista, concedida à agência Reuters, o pontífice da Igreja Católica disse estar ao lado dos bispos americanos, que emitiram comunicados no início do mês condenando as ações junto de outros líderes religiosos do país. “Estou do lado dos bispos”, disse Francisco, “a separação de crianças de seus pais é contrário aos valores católicos e imoral”.

Há cerca de seis semanas, a mando do procurador-geral dos EUA, Jeff Sessions, agentes de imigração passaram processar criminalmente todas as pessoas que tentassem cruzar a fronteira sul do país, detendo adultos em prisões e crianças em abrigos do governo. Desde então, cerca de 2 mil crianças foram separadas de seus pais, um resultado que está sendo visto pela comunidade internacional como preocupante.

Na última semana, ONU e Unicef emitiram comunicados críticos ao presidente, lembrando que a Associação Americana de Pediatria teme que esse trauma gere danos irreversíveis para as crianças. Até mesmo a primeira-dama, Melania, se manifestou sobre o assunto, pedindo que os EUA “governem com o coração”.

Trump, por sua vez, avaliam fontes próximas do presidente, está tentando usar essa medida para conseguir aprovar no Congresso duas propostas de reforma para o sistema de imigração. Ambas, em última instância, resultam na construção do muro na fronteira mexicana, uma de suas promessas de campanha mais famosas. A manobra foi classificada pelo jornal americano The New York Times como uma “chantagem política grotesca”.

Crise migratória

Ainda no tema imigração, o papa enfatizou que políticas populistas não são a resposta para os problemas do mundo. Atualmente, diferentes países elegeram com essa característica e são, em sua maioria, conservadores alinhados com a direita e a extrema-direita, como os Estados Unidos, a Itália e a Áustria.

Sobre a Europa, que observou nos últimos dias a Itália rejeitar que embarcações humanitárias ocupadas por imigrantes resgatados no mar Mediterrâneo atracassem em seus portos, Francisco disse crer que essas pessoas devem ser acolhidas pelos países do bloco, mas que devem ser distribuídas por todos os países.

Esse ponto é justamente um dos mais polêmicos entre os líderes da UE, cujo sistema atual de recepção e proteção de pessoas deslocadas prevê que a concessão de asilo seja dada no país em que esse indivíduo chegou à Europa, o que vem sobrecarregando lugares situados nas margens do bloco, como Itália, Grécia e Hungria.

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