Mundo

Papa diz que pena de morte é fracasso do Estado de direito

Francisco disse que para um Estado de direito "a pena de morte representa um fracasso, porque obriga a matar em nome da justiça"


	Francisco disse que para um Estado de direito "a pena de morte representa um fracasso, porque obriga a matar em nome da justiça"
 (Vincenzo Pinto/AFP)

Francisco disse que para um Estado de direito "a pena de morte representa um fracasso, porque obriga a matar em nome da justiça" (Vincenzo Pinto/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 20 de março de 2015 às 10h07.

Cidade do Vaticano - O papa Francisco disse nesta sexta-feira que a "pena de morte é o fracasso do Estado de direito", em carta entregue ao presidente da Comissão Internacional contra a Pena de Morte, o espanhol Federico Mayor Zaragoza, com quem o pontífice se encontrou em audiência no Vaticano.

No documento, Francisco agradeceu a Zaragoza e a comissão por "seu compromisso com um mundo livre da pena de morte e sua contribuição para o estabelecimento de uma moratória universal das execuções no mundo todo".

Em sua carta, embora tenha dito que "em algumas ocasiões" é justificável a legítima defesa, ressaltou que seus "pressupostos não são aplicáveis ao meio social".

O papa disse que para um Estado de direito "a pena de morte representa um fracasso, porque obriga a matar em nome da justiça", e "nunca se alcançará a justiça matando um ser humano".

Francisco afirmou ainda que a "pena de morte perde toda legitimidade em razão da defeituosa seletividade do sistema penal e da possibilidade de erro judicial".

O papa argumentou que a pena capital é um "recurso frequente ao qual lançam mão alguns regimes totalitários e grupos de fanáticos, para o extermínio de dissidentes políticos, de minorias, e de todo sujeito etiquetado como "perigoso" ou que pode ser percebido como uma ameaça para seu poder ou para a execução de seus fins".

"Como nos primeiros séculos, também no presente a Igreja sofre com a aplicação desta pena contra seus novos mártires", denunciou.

Além disso, Francisco afirmou que quando se aplica a pena de morte "se mata pessoas não por agressões atuais, mas por danos cometidos no passado", e que ela é "aplicada contra pessoas cuja capacidade de prejudicar não é atual mas já foi neutralizada".

"Trata-se de uma ofensa à inviolabilidade da vida e à dignidade da pessoa humana que contradiz o desígnio de Deus. Não faz justiça às vítimas, fomenta a vingança", sentenciou.

O papa qualificou de "tortura", tratamento cruel, desumano e degradante" a espera entre a sentença e a aplicação da pena, que pode durar vários anos.

Em sua carta, o papa também se referiu à prisão perpétua, que como em outras ocasiões, voltou a definir como "uma pena de morte encoberta".

No final da carta o papa elogiou o trabalho da Comissão Internacional contra a Pena de Morte e encorajou a organização a continuar lutando por seu objetivo.

Acompanhe tudo sobre:Igreja CatólicaPapa FranciscoPapasPena de morte

Mais de Mundo

Religiosos de vilarejo indiano onde avô de Kamala Harris viveu rezam por vitória da democrata

Oposição venezuelana denuncia 'obstáculos' para credenciar fiscais eleitorais

Macron se recusa a nomear candidata da esquerda a primeira-ministra na França

Em primeiro comício desde saída de Biden, Kamala afirma que seu governo será 'do povo'

Mais na Exame