Papa Francisco: papa diz que há mulheres que compartilham responsabilidades pastorais, mas também afirma que é necessário ampliar espaços (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 26 de novembro de 2013 às 09h32.
Cidade do Vaticano - O papa Francisco não concede às mulheres qualquer possibilidade de sacerdócio, mas considera "que elas devem ter um maior espaço e uma presença mais incisiva" na Igreja Católica.
Assim disse Francisco em sua primeira exortação apostólica "Evangeli Gaudium" (A alegria do Evangelho), o documento de 142 páginas, publicado nesta terça-feira e que representa o primeiro texto pessoal de seu pontificado.
O papa assegura ao introduzir o tema que "a Igreja reconhece a indispensável contribuição da mulher na sociedade", pois "a sensibilidade, a intuição e capacidades peculiares costumam ser mais próprias das mulheres que dos homens".
Entre elas, o papa cita a "especial atenção feminina rumo aos outros, que se expressa de um modo particular, embora não exclusivo, na maternidade".
Jorge Bergoglio explica que já há mulheres que compartilham responsabilidades pastorais junto com os sacerdotes, mas também reconhece que é necessário ampliar os espaços para uma presença feminina mais incisiva na Igreja.
"Porque o gênero feminino é necessário em todas as expressões da vida social, por isso que é preciso garantir a presença das mulheres também no âmbito laboral e nos diversos lugares onde são tomadas as decisões importantes, tanto na Igreja como nas estruturas sociais", acrescenta o pontífice argentino.
Para o papa, "as reivindicações legítimas" dos direitos das mulheres sobre sua igualdade com os homens colocam à Igreja profundas perguntas "que a desafiam e que não se podem eludir superficialmente".
Francisco ressalta que o que não se pode mudar é que "o sacerdócio está reservado aos varões, como um sinal de Cristo marido que se entrega na Eucaristia" e que se trata "de uma questão que não se coloca em discussão".
O papa lembra que na Igreja as funções (como dar a Eucaristia, etc) "não dão lugar à superioridade dos uns sobre os outros" e lembra que "uma mulher, Maria, é mais importante que os bispos".
Fechado o tema do sacerdócio, o papa lança um desafio aos "pastores e aos teólogos" para que ajudem "a reconhecer melhor o que isto implica com relação ao possível lugar da mulher ali onde se tomam decisões importantes, nos diversos âmbitos da Igreja".
Em sua exortação, o papa também dedica amplo espaço aos jovens e pede que eles sejam mais protagonistas.
O papa explica que perante as mudanças sociais que se produziram, os jovens não costumam encontrar nas atuais estruturas da Igreja Católica respostas a suas inquietações, necessidades, problemáticas e feridas.
Francisco explica que aos adultos "custa escutá-los com paciência, compreender suas inquietações e suas reivindicações, e aprender a fala na linguagem que eles compreendem".
Por essa mesma razão, "as propostas educativas não produzem os frutos esperados".
O papa pede que os jovens sejam ouvidos "porque levam em si as novas tendências da humanidade" e acrescenta que "abrem ao futuro, de modo que não fiquemos ancorados na nostalgia de estruturas e costumes que já não são leitos de vida no mundo atual".