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Países ocidentais se unem para pedir libertação do Nobel da Paz

O Prêmio Nobel da Paz 2010 foi atribuído ao dissidente chinês Liu Xiaobo (54 anos), que cumpre uma pena de 11 anos de prisão

O presidente americano Barack Obama pediu que Pequim "liberte Liu o mais rápido possível" (.)
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Da Redação

Publicado em 8 de outubro de 2010 às 19h45.

Paris - Vários países ocidentais, ONGs e o Dalai Lama fizeram apelos nesta sexta-feira para que a China liberte o dissidente chinês Liu Xiaobo, mantido em detenção por suas convicções democráticas e agraciado com o Prêmio Nobel da Paz 2010.

O presidente americano Barack Obama, que recebeu no ano passado o prestigioso prêmio, pediu que Pequim "liberte Liu o mais rápido possível", saudando a atribuição do prêmio a um "porta-voz eloquente e corajoso da causa dos valores universais defendida por meios pacíficos e não violentos".

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Saudando os "progressos consideráveis" da China em matéria de reformas econômicas, Obama ressaltou que "as reformas políticas não ocorreram e que os direitos fundamentais de cada homem, de cada mulher e de cada criança devem ser respeitados".

O Prêmio Nobel da Paz 2010 foi atribuído nesta sexta-feira ao dissidente chinês Liu Xiaobo (54 anos), que cumpre uma pena de 11 anos de prisão, "por seus esforços duradouros e não violentos em favor dos Direitos Humanos na China". Liu Xiaobo foi condenado depois de ter sido um dos autores da "Carta 08", exigindo uma China democrática.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, destacou que a entrega do prêmio Nobel da Paz ao dissidente chinês "é um reconhecimento do consenso internacional crescente" por um respeito maior dos Direitos Humanos.

"A atribuição do Prêmio Nobel da Paz ao chinês Liu Xiaobo é um reconhecimento do consenso internacional crescente em favor de uma melhoria das práticas de respeito aos Direitos Humanos no mundo", disse o porta-voz de Ban ao citar suas declarações.

"Nestes últimos anos, a China obteve notáveis avanços econômicos e tirou milhões de pessoas da pobreza, ampliando a participação política", destacou o porta-voz.

O ministro francês das Relações Exteriores, Bernard Kouchner lembrou que "a França, assim como a União Europeia (...) pediu a libertação do dissidente chinês em diversas oportunidades".

A França lembra seu compromisso com a liberdade de expressão em todo o mundo", acrescentou.

A Alemanha deseja que o dissidente chinês "seja libertado em breve para poder receber pessoalmente seu prêmio", disse o porta-voz do governo, acrescentando que Berlim "já esteve engajado no passado em sua libertação, e continuará desta forma".

O líder espiritual dos tibetanos no exílio, o Dalai Lama, Prêmio Nobel da Paz 1989, pediu a libertação imediata do dissidente chinês, além da de "outros prisioneiros políticos que foram encarcerados por terem exercido sua liberdade de opinião".

Mas a China considerou que a escolha do dissidente era "totalmente contrária aos princípios do Prêmio Nobel". O anúncio da atribuição do prêmio foi censurado nos principais sites e nas redes de telefonia móvel.

Para o primeiro-ministro japonês Naoto Kan, o comitê Nobel enviou a Pequim uma mensagem sobre a importância do respeito dos Direitos Humanos, que são "universais".

O presidente de Taiwan, Ma Ying-jeou, classificou de "histórica" esta atribuição.


O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, parabenizou o premiado de 2010 e enviou uma "forte mensagem a todos aqueles que em todo o mundo lutam pela liberdade e pelos Direitos Humanos".

A alta comissária dos Direitos Humanos da ONU, Navi Pillay, saudou o "reconhecimento" de um "grande defensor dos Direitos Humanos".

"Estou muito satisfeita com a decisão do Comitê Nobel. Eu a considero um desafio lançado à China e a todo mundo", declarou Lech Walesa, polonês ganhador do prêmio em 1983, líder histórico do sindicato Solidariedade e ex-presidente polonês.

O ex-presidente tcheco Vaclav Havel, grande responsável pela queda do Comunismo em seu país em 1989, congratulou Xiaobo nesta sexta-feira: "Liu Xiaobo é exatamente este cidadão engajado para quem uma recompensa como esta é merecida".

O primeiro-ministro norueguês Jens Stoltenberg felicitou nesta sexta-feira o dissidente chinês. Mas pouco depois do anúncio, o Ministério chinês das Relações Exteriores indicou que a escolha do Comitê Nobel "comprometerá as relações entre a China e a Noruega". E o embaixador norueguês em Pequim foi convocado pelas autoridades chinesas que expressaram a ele o seu "descontentamento".

A entrega deste Nobel da Paz é uma "vitória para os Direitos Humanos no mundo e para todos os dissidentes chineses", considerou a ONG Human Rights Watch.

Esta atribuição "deve reforçar a pressão internacional pela libertação de Liu e de vários outros prisioneiros políticos" na China, considerou a Anistia Internacional.

Este prêmio é "uma mensagem de esperança para o premiado... e também para os dissidentes detidos em todo o mundo e para o povo chinês", indicou a Repórteres Sem Fronteiras (RSF), organização de defesa da liberdade de imprensa.

"É uma lição para todos os governos democráticos que se curvam frequentemente frente às pressões de Pequim", acrescentou a RSF.

Em 2004, Liu Xiaobo recebeu o prêmio Repórteres Sem Fronteiras para os defensores da liberdade de imprensa.

A notícia da concessão Nobel a Liu Xiaobo rodou o mundo, mas, como era esperado, foi censurada nos principais sites da China, assim como nas redes de telefonia móvel.

Uma simples busca com as palavras-chave "prêmio Nobel, paz, Liu Xiaobo" não indicava resultado algum nos grandes portais de notícias e ferramentas de busca, como Sina, Sohu e Baidu.

A censura também estava ativada no Weibo, um site de relacionamento semelhante ao Twitter.

As mensagens de SMS contendo o nome de Liu Xiaobo estavam bloqueadas, e não chegavam ao seu destinatário.

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