Países da Europa Central se preparam para receber refugiados da Ucrânia
A invasão da Ucrânia pela Rússia provocou receios de um enorme fluxo de refugiados fugindo da Ucrânia, uma nação de 44 milhões de pessoas
Reuters
Publicado em 24 de fevereiro de 2022 às 08h29.
Última atualização em 24 de fevereiro de 2022 às 08h53.
Os países da Europa Central se preparavam nesta quinta-feira para receber pessoas fugindo da invasão russa da Ucrânia , com a Polônia estabelecendo pontos de recepção em sua fronteira e a Hungria planejando enviar tropas para criar um corredor para refugiados.
Os países do flanco oriental da União Européia já foram todos parte do Pacto de Varsóvia, liderado por Moscou, e agora são membros da aliança militar ocidental Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Entre eles, Polônia, Hungria, Eslováquia e Romênia compartilham fronteiras terrestres com a Ucrânia.
No início da quinta-feira, a Rússia lançou uma invasão total da Ucrânia por terra, ar e mar, o maior ataque de um Estado contra outro na Europa desde a Segunda Guerra Mundial. A invasão confirmou os piores temores do Ocidente e provocou receios de um enorme fluxo de refugiados fugindo da Ucrânia, uma nação de 44 milhões de pessoas.
A Polônia exigiu as "sanções mais ferozes possíveis" contra a Rússia e o ministro tcheco das Relações Exteriores chamou a invasão de "ato bárbaro de agressão".
No início da quinta-feira a Hungria, que forjou bons laços com a Rússia do presidente Vladimir Putin, não havia condenado explicitamente o ataque, mas seu ministro das Relações Exteriores disse que a guerra era "o pior cenário possível". Ele reiterou que a Hungria apoiava plenamente a soberania e a integridade territorial da Ucrânia.
"Nas próximas horas, serão criados pontos de recepção para refugiados da Ucrânia", disse o vice-ministro polonês de Assuntos Internos Pawel Szefernaker, segundo a agência de notícias PAP.
Oito desses pontos serão criados perto da fronteira na primeira etapa, para fornecer alimentação, assistência médica e informações para os refugiados em potencial, disse ele
A Hungria disse que enviará um número não especificado de tropas para a área de fronteira com a Ucrânia por razões de segurança e humanitárias, embora não tenha havido nenhum sinal de destacamento na manhã de quinta-feira.
Um porta-voz do governo polonês disse que as missões diplomáticas polonesas na Ucrânia permaneceriam abertas "o máximo de tempo possível", mas o Ministério das Relações Exteriores fez um apelo para que todos os cidadãos poloneses deixem a Ucrânia.
A Hungria também disse que sua embaixada em Kiev permanece aberta, mas a República Tcheca fechou sua missão diplomática, embora seu consulado na cidade ucraniana ocidental de Lviv tenha permanecido aberto.
VÔOS, SERVIÇOS FERROVIÁRIOS SUSPENSOS
A ferrovia eslovaca suspendeu os serviços para a Ucrânia, e a companhia aérea Wizz suspendeu temporariamente todos os vôos de e para a Ucrânia.
Um repórter da Reuters na principal passagem de fronteira da Hungria para a Ucrânia, Zahony, disse que a fronteira estava tranquila, com caminhões alinhados para entrar, como de costume, no frio nebuloso
A Hungria deve se preparar para receber dezenas de milhares de refugiados se necessário, disse o ministro da Defesa, Tibor Benko, no final da quarta-feira.
Budapeste também deve se preparar para a possibilidade de que os soldados engajados em combate possam "passar" a fronteira, como aconteceu durante as guerras da Iugoslávia dos anos 90, acrescentou ele, sem elaborar.
As fronteiras ocidentais da Ucrânia estavam relativamente calmas na manhã de quinta-feira, mas as autoridades e testemunhas disseram que o tráfego aumentou ligeiramente.
"Podemos ver um tráfego moderadamente maior nos postos de fronteira com a Ucrânia, presumimos que ele crescerá durante o dia", disse um funcionário do Ministério do Interior eslovaco.
"A Eslováquia está pronta para ajudar, poderíamos permitir a entrada de pessoas que não têm todos os documentos necessários."
O embaixador da Ucrânia em Praga, Perebyjnis Jevhen, disse em uma coletiva de imprensa: "Eu não posso excluir algumas ondas de pessoas. Mas será mais para a parte ocidental da Ucrânia do que para o exterior".
Há cerca de 260.000 ucranianos vivendo na República Tcheca, e dezenas de milhares trabalhando na Hungria, que tem uma grande minoria étnica de cerca de 140.000 vivendo na Ucrânia logo após a fronteira.
O presidente búlgaro Rumen Radev disse que seu país estava se preparando para retirar por terra mais de 4.000 búlgaros étnicos da Ucrânia e que estava pronto para receber outros refugiados ucranianos.
O primeiro-ministro búlgaro, Kiril Petkov, disse que o país balcânico prepararia hotéis e outras bases turísticas para recebê-los. A Bulgária não tem fronteira terrestre com a Ucrânia, mas é um estado litoral do Mar Negro, assim como a Ucrânia e a Rússia.