Além de examinar as causas e a resposta à crise, o comitê estudará a regulação da segurança nuclear no Japão (Kawamoto Takuo/Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 7 de junho de 2011 às 06h26.
Tóquio - Um painel independente integrado por especialistas e acadêmicos japoneses começou nesta terça-feira uma investigação sobre a crise na usina atômica de Fukushima Daiichi, epicentro da crise nuclear no Japão.
A primeira reunião do painel aconteceu um dia depois de a Agência de Segurança Nuclear e Industrial do Japão (Nisa) ter apontado que, segundo uma revisão de suas estimativas, a radioatividade emitida pela usina nos primeiros dias da crise pode ter sido quase o dobro da inicialmente estimada, até 770 mil terabecquerels.
Os membros do comitê independente, que não descartam visitar a danificada usina, analisarão os dados e interrogarão durante vários meses representantes da Tokyo Electric Power Company (Tepco), operadora da usina nuclear de Fukushima, do Executivo japonês e de outros organismos implicados na gestão da crise.
A reunião desta terça-feira foi inaugurada pelo primeiro-ministro do Japão, Naoto Kan, que exortou o comitê a trabalhar "independentemente do Governo" e se mostrou disposto a responder as perguntas de seus membros.
O painel, que deve apresentar suas conclusões apenas em 2012, é liderado pelo pesquisador Yotaro Hatamura, professor emérito da Universidade de Tóquio.
Além de examinar as causas e a resposta à crise, o comitê estudará a regulação da segurança nuclear no Japão, atualmente a cargo da Nisa, um organismo que foi criticado por sua dependência do Ministério da Indústria, tradicional promotor da energia atômica.
Durante a crise de Fukushima, a Nisa divulgou de forma regular suas próprias medições e relatórios sobre a situação na usina, seriamente danificada pelo terremoto e o tsunami de 11 de março.
Nesta terça-feira, em informações divulgadas pelo canal público "NHK", a agência indicou que nas horas posteriores ao desastre se produziram entre 800 e 1 mil quilos de hidrogênio nos reatores 1, 2 e 3 da central, um número que está entre 1,3 e 2,3 vezes acima do estimado inicialmente pela Tepco.
O hidrogênio provocou fortes explosões nos edifícios dos reatores 1 e 3 nos dias 12 e 14 de março, respectivamente, enquanto a unidade 2 sofreu outra explosão no dia 15 que causou danos em sua piscina de supressão.
Além disso, segundo os cálculos divulgados nesta segunda-feira pelo organismo, o reator 1 teria sofrido a fusão parcial de seu núcleo apenas cinco horas depois do tsunami. No reator 3, o mesmo teria acontecido 79 horas depois, enquanto houve o mesmo no 2 cerca de 80 horas após a onda gigante.
Segundo a Nisa, nos seis dias posteriores ao desastre, os reatores 1, 2 e 3 emitiram cerca de 770 mil terabecquerels de iodo 131 e césio 137, o que representa quase o dobro da quantidade apontada em meados de abril.